O presidente do Oriental considerou que o clube lisboeta é uma das principais vítimas do processo 'Jogo Duplo' e que é alheio actos ilícitos que possam ter sido cometidos por jogadores e dirigentes.

«Estamos aqui para defender a honra, até à última gota de sangue, de uma instituição com mais de 100 anos de história. Após o último jogo da II Liga com o Atlético, que vencemos por 3-2, ficámos surpreendidos com a detenção, por parte da Polícia Judiciária, de quatro atletas nossos. Não pactuamos com quaisquer atos ilícitos"» afirmou José Nabais em conferência de imprensa, citado pela agência Lusa.

O dirigente revelou ainda que, no âmbito deste processo que está a ser investigado pela Polícia Judiciária, já foi ouvido pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, pelo presidente da FPF, Fernando Gomes, pelo presidente da Liga, Pedro Proença, e ainda por Nuno Lobo, dirigente máximo da Associação de Futebol de Lisboa.

«Somos um clube de gente séria e humilde, mas temos a nossa honra a defender», acrescentou José Nabais, que prometeu ainda todo o apoio possível aos quatro jogadores visados neste processo: Rafael Veloso, André Almeida, João Pedro e Diego Tavares. «Continuamos a ter confiança nos atletas. Custa-me a crer que um jogador como o André Almeida, que conheço muito bem, tenha cometido qualquer ato ilícito», particularizou.

O presidente do Oriental falou também sobre o caso específico do futebolista brasileiro Diego Tavares, o único dos quatro que ficou detido. «Temos de olhar para o lado humano. Ainda hoje recebi uma mensagem da esposa, que está muito preocupada no Brasil, a pedir-nos que alonguemos o período de cedência da casa onde vive o Diego. Mas a direção ainda não tomou uma decisão sobre o assunto.»

Recorde-se que há poucos dias, Vítor Oliveira, ex-treinador do Chaves, justificou estes episódios com a eventual existência de salários em atraso. José Nabais não deixou as declarações do técnico sem resposta. «Tenho muito respeito pelo senhor Vítor Oliveira. Se calhar não quis visar particularmente o Oriental, mas quem não se sente não é filho de boa gente. Garanto que no Oriental não há salários em atraso.»

O presidente do Oriental também comentou a posição assumida pelo técnico do Oriental, Jorge Andrade, que disse existirem fortes motivos para suspeições: «Ele também foi vítima deste processo. Espero que este caso não manche a sua carreira, que ainda está no início», disse.

José Nabais referiu ainda que o Oriental vai a eleições no próximo mês.

Na mesma conferência de imprensa falaram ainda o advogado do clube, Vítor Parente, e o capitão Daniel Almeida. «Este processo trouxe muitos inconvenientes ao clube, que vai constituir-se como assistente no processo», disse o advogado, prometendo zelar pela busca de «toda a verdade junto do Ministério Público».

«Isto é um assunto muito delicado. Os quatro colegas visados têm a nossa solidariedade. Até ao momento só temos suspeições e alegações. Ninguém foi condenado. Aliás, no futebol há sempre suspeições», comentou Daniel Almeida, garantindo não ter reparado em indícios de atos ilícitos cometido quer por jogadores quer por dirigentes.