O Irão vai agir contra as figuras públicas que nos últimos dias protestaram contra a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que faleceu no passado dia 16 de setembro, três dias depois de ter sido presa após ser acusada de não respeitar o código de vestuário das mulheres daquele país.
Isso mesmo garantiu o governador de Teerão, capital do Irão, em declarações à agência ISNA, e citado pelo The Guardian. «Vamos agir contra as celebridades que atiçaram as chamas dos distúrbios», afirmou Mohsen Mansouri.
Um dos protestos mais fortes foi o da seleção iraniana, orientada pelo português Carlos Queiroz e da qual faz parte Mehdi Taremi, avançado do FC Porto. Na cerimónia prévia ao início do particular com o Senegal, nomeadamente na altura do hino, os futebolistas iranianos apresentaram-se com um casaco preto vestido, e a tapar os símbolos do país.
O próprio Taremi já se assumiu «envergonhado» pela violência a que as mulheres têm sido sujeitas no Irão, particularmente durante esta onda de protestos pela morte de Amini. Isto, diga-se, já depois de ter assumido uma posição de luto nas redes sociais.
Por sua vez, o responsável judicial do Irão, Gholamhossein Mohseni, disse que «aqueles que se tornaram famosos graças ao apoio do sistema juntaram-se ao inimigo em tempos difíceis».
Protestos têm sido acompanhados por uma forte repressão
As últimas duas semanas, refira-se, têm sido marcadas por protestos em todo o território iraniano, acompanhados de uma forte repressão que, segundo a Amnistia Internacional, tem sido marcada por uma «violência implacável por parte das forças de segurança». A «Iran Human Rights» avançou na quinta-feira que pelo menos 83 pessoas, incluindo crianças, já foram mortas durante os protestos.
De resto, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, alertou que «apesar do pesar e da tristeza» pela morte de Amini, «a segurança pública é a linha vermelha da República Islâmica do Irão e ninguém pode infringir a lei e provocar o caos».