Autor: Emmet Malone*
Muitos consideram-no um sistema ultrapassado, mas Giovanni Trapattoni não pede desculpa por ser conservador e é um grande defensor do 4-4-2 clássico que a sua Irlanda utilizou em quase todos os encontros desde que o italiano assumiu o cargo, há quatro anos.
A sua primeira tarefa foi impedir que a Irlanda sofresse golos em catadupa, depois de uma campanha que tivera como ponto mais baixo uma goleada (5-2) sofrida em Chipre. Não perdeu tempo em organizar um estágio alargado em Portugal, para onde levou todos os candidatos a uma vaga na equipa. Só depois de uma observação cuidada dos jogadores à sua disposição se decidiu pela atual arrumação tática.
A aposta foi para um sistema com uma defesa de quatro em linha, com dois médios centro defensivos, dois alas velozes, e dois avançados, um dos quais, alto e forte, para disputar bolas altas e segurar o jogo à espera dos apoios. Trapattoni elogia habitualmente as qualidades dos seus jogadores, mas já tem discutido abertamente as limitações do grupo ao seu dispor. O técnico acredita que se todos souberem exatamente o que lhes é pedido, a equipa pode tornar-se algo mais do que a soma das partes.
É essa mentalidade que leva o italiano a dispensar a presença no banco de jogadores que possam alterar os dados do encontro. Pelo contrário, a sua preferência vai para elementos que lhe garantam trocas diretas, com as substituições a servirem para acautelar o desgaste.
O onze inicial está, nesta fase, bastante definido: Shay Given é o guarda-redes preferido, com John O¿Shea e Stephen Ward como apostas para as laterais. Destes dois, o segundo é mais ofensivo, mas é previsível que na Polónia estejam os dois com demasiadas solicitações defensivad. Richard Dunne, forte no ar e bom no desarme, é a chave da defesa, onde normalmente faz par com Sean St Ledger. Ambos sobem nas bolas paradas e marcam o seu golo, ocasionalmente.
Glenn Whelan e Keith Andrews são a parceria preferida para os lugares de médio centro, e o seu trabalho principal será destruir a circulação de bola adversária, protegendo a linha defensiva. Quando recuperam a bola, a prioridade é passá-la rapidamente para os avançados, ou abrir nos flancos para Damien Duff ou Aiden McGeady.
Duff já não ultrapassa defesas com a facilidade dos seus tempos no Blackburn ou do Chelsea, e quando parte da direita tem tendência a fletir para o meio, em vez de procurar a linha de fundo e o cruzamento. Continua a ser um jogador vital, porém, trabalhando intensamente, ajudando a defesa e empurrando a equipa para a frente, em acelerações que aliviam a pressão e permitem subir em bloco.
No seu melhor, Kevin Doyle é muito eficaz na recuperação de bola, sabendo conservá-la até à chegada dos companheiros, mas é o capitão, Robbie Keane, a principal ameaça goleadora, e o mais eficaz elo de ligação entre o meio campo e o ataque. Quando as coisas correm bem, a equipa pode dificultar a circulação de bola adversária e sair rapidamente para o ataque. Mas há uma tendência preocupante para perder facilmente a bola, o que obriga os médios a recuar até à linha defensiva. E quando isso acontece, o plano de ataque da Irlanda resume-se a pouco mais do que os pontapés longos de Shay Given, ou outro elemento da defesa, para a corrida de extremos e avançados sistematicamente em inferioridade numérica.
*Emmet Malone é redator do Irish Times da Irlanda. Este artigo está integrado na Euro2012 Network, cooperação entre alguns dos melhores meios jornalísticos dos 16 países participantes na competição.
Euro 2012
26 mai 2012, 20:12
Irlanda (análise tática): direto e conservador, o estilo de Trap
Este artigo está integrado na Euro2012 Network, uma cooperação entre jornais de 16 países
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