Há uma lista grande de irmãos que jogaram no futebol português. Silas e Paulo Pereira trabalham juntos no Náutico, no Recife, mas em Portugal foram rivais: o primeiro jogou no Sporting, o segundo no FC Porto e no Benfica. Carlos e Pedro Xavier foram mais vezes adversários enquanto seniores do que colegas (Académica). A família Vidigal (Toni, Lito, Beto, Luís e Jorge) era o maior agregado do futebol nacional, mas também se encontrava por cá os Fernandes Marques, apelidos de Miguel, Basílio e Tozé.

«Tivemos sempre o mesmo respeito, a mesma admiração. Ainda agora mantemos essa boa relação entre os três. Eu e o Miguel estivemos dois ou três anos no Vitória de Guimarães. Ele era mais exigente, por assim dizer, tinha um feitio tinhoso [risos]. Eu era mais tranquilo. Às vezes zangávamo-nos em campo, mas depois, cá fora, tudo passava.»

As palavras são do atual treinador adjunto do Nacional. Basílio fez carreira no Berço, na mesma cidade em que Miguel, irmão mais velho, começou antes de mudar-se para Lisboa e representar o Sporting. Ambos fizeram nome no futebol português.

«Lembro-me que uma vez, estávamos a jogar um torneio na Póvoa, e num lançamento lateral ele deu-me uma cabeçada e eu fiquei aí um mês e meio sem jogar», recorda Basílio sobre a impetuosidade do central. Nesta altura, ainda jogavam os dois com as cores do Vitória.

Isso mudou com a transferência de Miguel, o que provocou uma ligeira alteração dos hábitos entre os dois irmãos. «Quando ele foi para o Sporting, falávamos regularmente, mas quando jogávamos um contra o outro evitávamos isso. Já com os meus pais era mais complicado, tentavam ficar um pouco neutros. Que fosse um empate.»

Em campo, é costume dizer, não há amigos. Para Basílio e Miguel, durante 90 minutos, também não havia irmãos. Mas como era quando não estavam os dois em campo? «Eu sou muito prático e sincero na avaliação destas coisas. Torcia por ele, mas se isso influenciava o meu clube, o Vitória, se isso implicava eles ficarem à nossa frente, então queria que perdesse.»

O irmão mais novo de Basílio passou mais despercebido. «O Tozé jogou num patamar mais baixo, na II Liga», lembra o adjunto de Manuel Machado.

«Acompanhávamos, mas nunca houve disputas entre nós, nunca jogámos contra ele. Nem eu nem o Miguel tentámos influenciar a carreira dele. Quisemos que fosse natural, nunca quis pedir favores porque no futebol ou se tem condições para se estar ou facilmente se desaparece.»