Não falta muito para o verão e o governo pensa em formas de baixar as restrições de forma a poder libertar as pessoas gradualmente da obrigatoriedade de isolamento. António Costa, numa entrevista ao Expresso, garantiu que tudo está dependente da forma como o país reagir nas próximas semanas, mas que gostava muito de «poder anunciar o calendário e o programa de desconfinamento progressivo de um conjunto de atividades, que têm a ver com o sistema de ensino, com as atividades comerciais e de restauração, e com as atividades culturais».

Ora assim sendo, o Maisfutebol apresenta-lhe aqui o que António Costa disse relativamente ao que vai ser o nosso verão em vários aspetos. Começando pelas férias, e pela praia. O Primeiro-Ministro garantiu neste sentido que não vai haver aglomerações de pessoas nos areais. É impossível que assim seja, referiu.

«Vão ser necessárias medidas de restrição nas praias, seguramente. Há praias de grande extensão onde a aglomeração é facilmente evitável, há outras em que todos sabemos que a aglomeração é grande. A aglomeração não vai poder existir. As autarquias e as capitanias vão ter de tomar as medidas necessárias para que possamos ir à praia sem que se verifique uma aglomeração», começou por referir.

«O desconfinamento não vai significar que não tenhamos de praticar as regras de higiéne de lavagem regular das mãos ou que não tenhamos de adotar mais medidas de proteção social, designadamente de uso de máscaras. Vamos ter de manter as medidas de afastamento social, a etiqueta respiratória. O que os cientistas nos dizem é que este vírus não hiberna no verão. O verão não vai ser um momento de interrupção.»

Relativamente a concertos, cinema, teatro ou festivais de música, António Costa prevê também para o verão o início do desconfinamento que existe nesta altura, apontando que é mais fácil fazê-lo nos espetáculos com lugares marcados.

«É cedo neste momento para tomar decisões sobre essa matéria. O primeiro passo que temos de dar nos equipamentos culturais são aqueles que têm lugar marcado. Porque são aqueles em que é mais fácil nós fixarmos e serem respeitadas as normas de distanciamento. Num cinema, a lotação é restrita, os lugares passam a ser todos marcados, só podem vender bilhetes de duas em duas filas, de três em três cadeiras...»

Já sobre passear na rua e frequentar o comércio, António Costa diz que vai haver três fases de abertura de lojas para evitar aglomerações, e que a prioridade será o comércio local. Sendo que mesmo no comércio local, nem todas as lojas abrirão ao mesmo tempo, até porque não é a mesma coisa abrir uma loja em Benfica ou na Baixa.

«O comércio, a nossa ideia é que evolua gradualmente. Primeira prioridade vai ser o comércio local, que é o que concentra menos pessoas, onde é possível ter uma menor distância de deslocação e onde é mais fácil organizar as entradas e evitar aglomerações. Uma segunda fase serão as lojas maiores que têm porta aberta para a rua. O terceiro nível serão as grandes superfícies», garantiu.

«Vamos ouvir os autarcas, porque admitimos que em algumas cidades se possa começar por distinguir zonas residenciais de zonas mais comerciais e de maior concentração. Dando o exemplo de Lisboa, não é a mesma coisa abrir as lojas em Alvalade ou em Benfica ou abrir na Baixa-Chiado.»

Por fim, vale a pena olhar para o que o Primeiro-Ministro disse do regresso à escola e ao trabalho. António Costa aponta também para o verão como data para o fazer, sendo que terá de ser tudo faseado e de forma alternada.

«Gostaria, no que diz respeito ao pré-escolar, que pelo menos no período praia/campo, que se inicia em junho, pudéssemos já ter atividade. Outra forma de desfasamento é conseguirmos ter horários desencontrados. Como só vamos ter 22 disciplinas presencialmente, estamos a reorganizar os horários de forma a que a escola possa começar mais tarde do que o horário normal de trabalho», referiu.

«A intenção é que estudantes e professores e os trabalhadores não se cruzem nos transportes públicos. Gostaríamos também de ir mantendo o maior número de pessoas em teletrabalho durante o mês de maio, para evitar essa concentração, e que a saída do teletrabalho se possa fazer também de uma forma faseada. Uns trabalhando de manhã, outros à tarde. Uns numa semana presencialmente, outros noutra. Se é em junho ou se ainda pode ser em maio, depende muito. Temos de ir medindo dia a dia o que vai acontecendo.»