Papu Gómez, avançado da Atalanta, admitiu, em entrevista à Sky Sport 24, que o futebol é a última coisa em que pensa neste momento, face à terrível situação em que a Itália se encontra.

«Neste momento, é difícil para mim pensar no futebol. Tento manter-me saudável e treino todos os dias, durante uma hora ou duas e tento concentrar-me nisso, mesmo que seja difícil. Vejo as notícias a toda a hora. É difícil pensar no futebol, neste momento é a última coisa que me interessa. Não sei se vamos voltar a jogar no verão ou daqui a uns meses», disse, pensando já no futuro.

«A Itália tem de assentar, vai ser difícil voltar a jogar outra vez. Será, como antes, à porta fechada, mas, mesmo assim, temos de viajar, apanhar voos, viajar de autocarro, ficar em hotéis: como é que voltas a jogar? Essa é a grande questão que faço a mim mesmo», acrescentou.

Questionado sobre se caiu num pesadelo, Papu diz não conseguir entender. O argentino desabafou, dizendo que «todos deviam estar contentes», mas o sofrimento é regra geral, dado o elevado número de mortes.

«Nos últimos quatro anos, deixámos toda a cidade feliz e estamos cientes disso. Estamos a experienciar algo terrível e ainda não consigo compreender tudo isto. Não é só Bérgamo, mas toda a Lombardia e toda a Itália. Somos o país com mais infetados. É estranho, porque, neste período, todos deviam estar muito felizes, orgulhosos do que a equipa está a fazer, mas agora temos de olhar para outras coisas e pensar nas famílias que estão a sofrer», admitiu.

 O capitão da equipa de Bérgamo aproveitou ainda para deixar uma mensagem de força às pessoas da cidade e um agradecimento aos profissionais de saúde.

«Quero enviar um abraço a todas as pessoas que moram em Bérgamo, estou com elas para tudo o que precisem. Nesta má fase, todos devemos estar positivos. Aproveito para expressar o meu agradecimento a todos os médicos e enfermeiros que estão a combater o vírus. As pessoas de Bérgamo são duras e não desistem facilmente, isso dá-me mais segurança e certamente este período vai passar», finalizou o argentino.
 
Recorde-se que Itália é, a esta data, o país com mais infetados no mundo. Os transalpinos contam com 59138 infetados e 5476 mortes.