Treinador do Sassuolo, Roberto De Zerbi protagonizou esta terça-feira uma forte declaração sobre a polémica Superliga Europeia.

Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Milan, o técnico de 41 anos deixou duras críticas à atitude dos clubes fundadores, entre os quais estão os rossoneri, e disse que por ele não entrava em campo na quarta-feira.

«Não queria jogar amanhã [quarta-feira] porque o Milan faz parte das três equipas italianas que estão na Superliga. Falei disso com os jogadores e o presidente. Se o presidente me obrigar a ir, é claro que irei. Mas estou chateado», começou por dizer, citado pela imprensa italiana.

«Estou muito enervado. Ontem [segunda-feira], antes do treino, conversámos com a equipa sobre a situação. É normal falar sobre o que nos rodeia, como fazemos na escola quando interrompemos o programa para falar sobre acontecimentos da atualidade. Disse o que pensava. Estou muito zangado porque o que aconteceu no domingo foi um golpe de estado. Os clubes podiam fazer isto à luz do dia, não com comunicados conjuntos à meia-noite. É como se alguém quisesse colocar bandeiras num local roubado a outra pessoa», prosseguiu.

De Zerbi continuou depois: «Este comportamento infringe o direito dos mais fracos de criarem o seu caminho. É como se o filho de um trabalhador humilde não pudesse sonhar em ser médico ou advogado no futuro. É como se dissessem: ‘a bola é minha, eu jogo e tiro’.  É algo que me deixa irritado. (…) Fazer uma Superliga onde as equipas é que decidem quem entra e quem sai tira a essência ao futebol. Este ano começámos neste clube com o sonho da Europa, mas se calhar somos idiotas porque ainda sonhamos.»

O treinador italiano diz que os clubes fundadores têm de questionar-se a si próprios porque é que estão com problemas financeiros.

«Se isto é futebol moderno, então é algo que não respeita as pessoas. Falam do lado económico, mas aí são eles que têm de se questionar. Não queremos saber se essas equipas estão com dívidas. Tenho orgulho em fazer parte deste clube, porque não pensamos como eles. O Sassulo estava em quarto em janeiro, chegou lá dentro de campo. (…) Em janeiro poderíamos ter fortalecido a equipa, mas não fiz nem meia reunião com o Carnevali [CEO do Sassuolo] porque sei quais os problemas que o mundo do futebol atravessa. Também pagamos por essa escolha.»

«Eu não entendo. Se essas equipas estão endividadas, são elas que precisam de questionar a forma como gerem os clubes. Esses clubes são dirigidos por valentões poderosos, mas não precisam de obrigar os clubes pequenos a pagar por isso para fazerem as coisas certas. Não precisam de fazer pagar jogadores que suam em campo e sonham em poder disputar a Liga dos Campeões em estádios importantes contra equipas de prestígio. Está tudo errado», atirou.