Nem só de passes, corridas, centros ou remates se faz a vida de Ivan Balliu, lateral-direito do Arouca. O jovem (22 anos) chegado esta época a Portugal depois de toda uma carreira no Barcelona B tem outra faceta, porventura mais invulgar: detém uma marca de roupa, a Gorgeous, que já é usada por vários craques, e chegou inclusive a Leonel Messi.

A ideia teve-a juntamente com um ex-colega da «cantera» barcelonista, Sergi Gómez, e, desde 2012, o número de clientes tem vindo a aumentar: Pinto, Olazábal, Bartra, Jonathan dos Santos, Sergio Roberto, Cristian Tello, todos do Barcelona, mas também Morata e Carvajal, do Real, além de Delofeu (Everton), Mauro Icardi (Inter) ou Muniesa (Stoke City), entre muitos outros.

«Ainda estamos à espera da foto do Messi para colocar no site. Oferecemos-lhe algumas roupas, mas ele tem muitas solicitações e a situação neste momento não está fácil por lá. Mas como está lá o Sergi, que até tem sido chamado à equipa principal, penso que vamos conseguir», conta ao Maisfutebol.

O projeto surgiu um belo dia, de forma quase inocente. Numa tarde, como tantas outras, num café da cidade condal, os dois amigos, a quem se juntou a incansável Marta, pensaram em fazer algo diferente, aproveitando os conhecimentos e relacionamentos que tinham.



«Estávamos a tomar um café, num bar, e ocorreu-nos este projeto. Pensamos em criar uma marca e, como tínhamos confiança com a equipa principal, poderíamos oferecer-lhes umas peças para sermos conhecidos no mercado», desvenda.

Em dois anos, a empresa expandiu-se, internacionalizou-se, e tem novos planos. «Começámos sobretudo com polos e camisetas, para homem, mas, neste momento, já estamos a pensar também em roupa feminina», revela.

Por enquanto, é quase um negócio familiar, sem pressa de dar um salto maior do que a perna. «Queremos continuar a crescer, mas não sabemos o que vem aí. Vamos fazendo as coisas aos poucos», reconhece, de forma cautelosa.

Modelos projetados a três

A marca tem um cariz inevitavelmente desportivo e, nessa área, pelo menos, Balliu é um especialista. Costuma ir recolhendo ideias e depois, em conjunto com os outros dois sócios, escolhe-se aquilo que se vai fazer.

O material é adquirido de raiz e cada um tem uma responsabilidade no processo. «Os modelos são pensados entre os três, de acordo com o que vamos vendo e aquilo que achamos que as pessoas podem gostar», releva, sem pretenciosismos:

«Estilista ou designer [risos]? Nada disso, é apenas uma pequena contribuição. A verdade é que sempre gostei de roupa, mas os meus talentos não chegam a tanto. Claro que temos sempre quem nos ajude.»



Outro domínio em que é preciso um conhecimento específico é o da gestão financeira da empresa. «Há coisas em que não temos experiência como na contabilidade, faturas, e essas questões. O resto, leva-se bem. A Marta ajuda-nos muitíssimo», relata.

Conciliar os dois meios não tem sido problema para o catalão, que também pensou na Gorgeous como forma de precaver o futuro. Apesar da idade, o defesa não se deixa iludir e prefere olhar em frente.

«O futebol não dura para sempre, há que pensar noutras atividades, e isto pode ser uma solução quando deixar de jogar», antevê. Até porque, garante, aquilo que produz é mesmo bom. «É material de muito boa qualidade e que dura, não se estraga em pouco tempo.»

Sucesso em Arouca

Depois de Barcelona, com a mudança para Arouca, Ivan Balliu convenceu também os atuais colegas. Ficaram rendidos e a verdade é que agora vão para os treinos com outro estilo. «Vários jogadores já compraram e gostaram bastante», diz, com orgulho.

O passa a palavra tem funcionado e, com alguma divulgação, a marca tem vindo a ganhar terreno também do lado de cá da fronteira: «Tem ajudado muito que se fale dela e, realmente, as vendas aumentaram ao longo da época principalmente aqui na região de Arouca.»

Aqui está a prova, então, de como de uma boa ideia pode nascer algo de concreto e bem-sucedido. A marca de Balliu tem ultrapassado as expetativas iniciais dos seus criadores, que nunca pensaram que aquele símbolo com dois equídeos virados um para o outro pudesse chegar tão longe.

«As duas zebras? Foi uma ideia da desenhadora de logotipos e pareceu-nos bem. É um animal de que gostamos. E parece-me que ficou muito bem!»