* Enviado-especial do Maisfutebol ao Brasil

Os dois golos ao Japão permitiram a Jackson Martinez ganhar a titularidade no ataque da Colômbia. O avançado do FC Porto garante que nesta altura tem a cabeça a cem por cento na seleção e diz que o futuro será para ser decidido somente após o Mundial:

«Vamos ver depois. Sei que já fiz coisas boas, agora estou focado no Mundial e só depois veremos como vai ser o meu futuro. Está a haver conversas, ainda não há acordo. Eu disse ao meu representante para tratar de tudo de forma a poder dedicar-me apenas ao Mundial. Só depois disso ele me vai fazer o ponto de situação», afirmou.

As notícias sobre o interesse de clubes fora de Portugal não o surpreendem, mas Jackson prefere manter todas as portas abertas: «Ouvi falar do Valência e de muitos outros clubes, mas o que digo é que neste momento o futuro não me inquieta, especialmente quando estou envolvido em algo tão grande. No Porto estive sempre com a cabeça no Porto, nesta altura só tenho cabeça para a seleção e para o jogo com o Brasil», garantiu.

O sorriso é mais rasgado quando se lhe pede um comentário ao primeiro golo de James e, principalmente, ao desempenho da Colômbia em campo, nestes quatro jogos: « Golazo! Que golazo! Gritámos imenso porque aquele foi o passo necessário para nos dar tranquilidade, depois do bom trabalho que vínhamos fazendo desde o início do jogo. Claro que ajuda muito sabermos que contamos com um nome que nos pode ajudar a resolver jogos de um momento para o outro, mas tudo o que ele faz depende de um trabalho colectivo», lembra.

A alegria contagiante dos colombianos é talvez a imagem mais marcante desta equipa, no campo e fora dele. Jackson concorda: «Estamos todos a disfrutar o facto de estarmos num Mundial e chegarmos mais longe do que alguma vez tínhamos ido. Não viemos aqui passear, mas para chegarmos o mais longe possível. Mas esta alegria, este entusiasmo, são contagiantes e fazem com que as coisas nos saiam melhor a cada jogo e mesmo a cada treino», diz.

Ainda com um historial relativamente curto na seleção, Jackson acredita que este Mundial lhe permitirá aproximar os níveis de eficácia em provas internacionais àqueles que demonstra no clube: «Considero que tenho vindo a fazer um bom trabalho no Porto, mas na seleção não estava a ter muitas oportunidades. Agora, graças a Deus, pude jogar mais e mostrar que estava preparado para aparecer a este nível quando chegasse a oportunidade. A verdade é que na Colômbia temos muita qualidade e um grande futuro. Há jogadores que ficaram fora desta convocatória e têm grande potencial para jogar na seleção. E há outros, que estão aqui, que talvez não pensassem chegar a um Mundial tão depressa, mas conseguiram acelerar, graças ao seu talento e maturidade», lembra.

O mais brilhante de todos, claro, é James Rodríguez, já uma figura destacada deste Mundial. Jackson está tudo menos surpreendido: «As capacidades do James, conheço-as desde o Porto. Sei aquilo que pode fazer, e que o que lhe está a acontecer agora não é um acaso. É um jogador espectacular, mas já o era antes disso. A temporada em França deu-lhe muita ambição e isso ajudou-o a amadurecer e a aprender a jogar este tipo de partidas», concluiu.

Também por isso, depois da eliminação de Portugal - «num Mundial, todas as equipas são competitivas, nada é certo», explica – o «cha cha cha» conta com o apoio dos adeptos portugueses a uma Colômbia que tem vindo a conquistar muitas simpatias junto dos neutrais: «Penso que sim, pelo menos os adeptos do Porto devem estar a torcer por mim. Aliás, alguns portugueses amigos já me fizeram chegar essa mensagem. Penso que nesta altura há muita gente no mundo que começa a admirar-nos e a simpatizar connosco», concluiu.