Jaime da Silva Graça nasceu em Setúbal a 30 de Janeiro de 1942. Foi treinar ao Vitória com quinze anos, pela mão do irmão Emídio, que também foi internacional português. Não ficou na altura, por vontade própria, mas dois anos depois ficou mesmo.

Ajudou o Vitória a conquistar a Taça de Portugal em 1963, marcando um golo ao Benfica, na final. Foi ainda como represente deste clube que participou no Mundial 1966, prova em que foi totalista. Depois rumou ao Benfica, e no final desse ano tornou-se herói, mesmo fora do campo. O plantel estava a fazer uma sessão de hidromassagem quando um curto-circuito tirou a vida a Luciano. Jaime Graça, que fora eletricista, teve o discernimento suficiente para se levantar de imediato e desligar o quadro, evitando outras mortes. A sua, inclusive, mas também a de Eusébio. «Ele até ficou branco. Nem falava, tal era o susto», recordou em entrevista ao jornal «i», no passado mês de Dezembro.

Mas Jaime Graça tornou-se também uma referência do Benfica dentro de campo. De águia ao peito conquistou sete campeonatos e três taças. O médio marcou até um golo na final da Taça dos Campeões Europeus de 1968, mas o troféu ficou na posse do Manchester United.

Deixou o Benfica em 1975, para mais duas épocas ao serviço do Vitória de Setúbal. Da Seleção despediu-se em 1972, após 36 internacionalizações e 4 golos. Teve depois uma carreira discreta de treinador, mas lançou Pauleta na equipa sénior do Operário, recomendando depois o avançado ao amigo João Alves. Foi igualmente membro da equipa técnica que comandou a equipa das quinas no Mundial do México, em 1986.

Mais recentemente voltou a colaborar com o Benfica. Na prospeção, e também como treinador dos juvenis, conquistando dois títulos nacionais. Faleceu nesta terça-feira, aos 70 anos. No dia em que as «águias» comemoram o 108º aniversário.