Seis meses depois de ter chegado à Arábia Saudita, Jaime Pacheco afirma-se bem adaptado ao futebol do país muçulmano. Por isso diz estar bem em Riade. «Não tenho saudades do futebol português», garante. «Tenho sido muito maltratado. A comunicação social não me trata com o respeito que mereço.»
Pacheco feliz na Árabia: «Em Portugal queixavam-se como grávidas»
Mesmo assim o treinador português mantém um olhar atento sobre o futebol português. Ora pode adiantar-se que o Sp. Braga tem desde Riade um fervoroso adepto. «Estou a torcer para que seja campeão. Oxalá consiga», sublinha. «O futebol português precisa de clubes que se intrometam entre os grandes.»
O título do Sp. Braga roubaria protagonismo ao título conquistado pelo Boavista em 2001. Pacheco não quer saber. «O mal das pessoas do nosso país é a inveja. Não sofro desse problema. O Domingos é um grande amigo, ajudei-o quando começou a jogar no F.C. Porto e até as nossas famílias criaram laços de amizade.»
Por isso torce pelo Sp. Braga. Mais do que isso, acredita que pode ser campeão. «Se acabou a primeira metade da época na frente, também pode fazer o mesmo na segunda. É um clube assente numa direcção muito forte, tem um treinador que sabe de futebol e jogadores com estabilidade emocional. Poder ser campeão.»
«O F.C. Porto é a grande decepção»
Numa análise aos outros candidatos ao título, Jaime Pacheco afirma-se desiludido com a carreira do F.C. Porto. «É a grande decepção da época. Pelo que joga, que é muito pouco, e pelo que fizeram com uma equipa campeã, que foi completamente nada. Houve falhas na organização do plantel e a equipa está a ressentir-se.»
E o Benfica, já agora? «O Benfica é o reflexo de Jorge Jesus, um treinador de qualidade, que precisava de uma oportunidade, teve-a e agarrou-a. Tem uma direcção que lhe deu o que precisava, formou um grupo de muitos bons jogadores, assentes numa boa táctica. O Benfica e o Sp. Braga vão lugar pelo título até final da época.»
«Sporting era uma coisa cheia de nada»
O Sporting, diz, «é a surpresa pela negativa». O despedimento de Paulo Bento merece aliás fortes críticas do treinador português. «Há muito tempo que se previa que poderia acontecer uma coisa destas. O Paulo Bento foi um trabalho notável e recebeu a gratidão que se conhece: nenhuma. Correram-no à primeira dificuldade.»
Ora a saída do treinador, adianta, trouxe ao de cima o pior que havia em Alvalade. «O Sporting anda há anos sustentado num grupo de miúdos, mas era salvo pela organização do Paulo Bento. Era uma coisa cheia de nada. Quando o Paulo Bento saiu, aconteceu o que se sabe. Vai ter de investir para voltar a ser o que já foi.»