Marc Janko tem um registo de golos impressionante mas sentiu dificuldades para gerar consensos. Era preto ou branco, óptimo ou mau. Co Adriaanse chegou a defini-lo como o avançado perfeito. Nem sempre foi assim.

Dominik Talhammer conheceu um Janko em crescimento, demasiado irregular para chegar à equipa principal do Admira Wacker antes dos 21 anos. O antigo treinador irritava-se com os momentos de apatia do avançado.

Janko, o baixote que detestava a solidão do ténis

«Conheci-o nas camadas jovens do Admira e treinei-o até aos seniores. Sempre me pareceu um excelente executante, apesar de bastante irregular. Era, talvez por ser jovem, inconstante e um pouco desconcentrado», começa por explicar, ao Maisfutebol.

Janko chegou ao clube com 7 anos. Estreou-se aos 21. No ano seguinte, transferiu-se para o Red Bull Salzburgo. Desenvolveu-se e cresceu como jogador. Para trás, ficara a imagem de um jogador de contrastes.

«É um jogador de preto e branco»

«Costumo dizer que o Marc é um jogador de preto e branco. Ou seja, capaz de maravilhar e também de ser o pior em campo», frisa Dominik Talhammer.

Por isso mesmo, o seu técnico no Admira Wacker via-se obrigado a medidas drásticas. «Dizia que às vezes, por mim, tirava-o aos 20 minutos de jogo. E fiz isso não raras vezes. Conheço-o bem e sabia quando tinha a cabeça noutro lugar. Mas tenho de dizer que o vi resolver muitos jogos. Era capaz de fazer três golos em dez minutos.»

Janko: um cd especial e a tragédia no ano de 2009

Marc Janko está habituado às opiniões díspares. Foi excluído do Euro2008 e, no ano seguinte, premiado como o melhor marcador mundial. Quem gosta, gosta mesmo.

Perfeito para Co Adriaanse

Um dos seus maiores fãs é, curiosamente, Co Adrianse. O antigo treinador dos dragões encontrou o jogador no Red Bull Salzburg. Foi aliás responsável pelo melhor registo de golos de Janko. A relação perdurou no tempo.

Em 2010, o Twente deixou-se seduzir pelos números de Marc Janko. Na época seguinte, deu-se o reencontro com Adriaanse.

«Quando o Twente convidou Adriaanse, ele disse que só iria se o Marc não fosse vendido no Verão. Falaram e o meu filho ficou no Twente. Tudo corria bem mas o treinador acabou por sair e eles quiseram negociá-lo, não sei porquê», explica a mãe, Eva Janko, ao Maisfutebol.

Adriaanse saiu no início de Janeiro de 2012. Steve McClaren entrou e virou costas ao gigante. Lá está, uma questão de gosto. Foi sempre assim. O F.C. Porto aproveitou e garantiu o reforço.

«Extremamente parecido com Cardozo»

É a primeira vítima de Marc Janko em Portugal. Ricardo Matos, apesar da excelente actuação no Dragão, não evitou que o austríaco se estreasse a marcar pelo F.C. Porto.

Ao Maisfutebol, o guarda-redes do V. Setúbal deixou algumas impressões sobre aquilo que viu, ouviu e sentiu no relvado.

«Notei o Marc um bocadinho deslocado, pouco familiarizado. É normal. Não falou muito com os colegas, fiquei até com a sensação que é uma pessoa introvertida», explica Matos. O atleta sadino fez o trabalho de casa, já a contar com a ameaça do panzer.

«Fui procurar na internet alguns vídeos dele e fiquei impressionado. Aliás, é um avançado extremamente parecido com o Cardozo. Procura sempre finalizar de primeira, tem remate fácil e está sempre entre os centrais contrários», conclui o guardião.