A primeira reação à notícia é de espanto.
Vercauteren saiu, Jesualdo é o treinador.
Boca aberta.
Boca aberta não por achar que Vercauteren seja um génio. Boca aberta não por achar que Godinho Lopes seja um presidente coerente e confiável. Boca aberta, enfim, não por achar que Jesualdo Ferreira não pode ser treinador de um clube grande.
Boca aberta por, apesar de tudo, achar que restava aos dirigentes do Sporting um pouco de vergonha, equilíbrio e bom senso.
Godinho Lopes passou as últimas semanas a encarar os sócios e adeptos, prometendo, prometendo sempre. Surgiu em conferências de imprensa, dispôs-se a ir à televisão dar entrevistas. Sempre como se nada fosse, como se na verdade acreditasse que sabe o que é ser presidente do Sporting. Não sabe e, lamentavelmente, nunca aprenderá.
Godinho Lopes é o pior presidente que um clube poderia desejar.
Esta decisão é mais um sinal de desequilíbrio. Godinho Lopes contratou Vercauteren depois de Domingos, Sá Pinto e Oceano. Presumo que o fez por achar que agora um estrangeiro é que era, depois de ter perguntado a alguém quem era Vercauteren. A partir de algo mais do que a simples partilha de uma refeição.
É desequilibrado continuar a insistir na troca de treinador como solução. Qual será o limite de Godinho Lopes? Um treinador por jornada?
O Sporting cobre-se de ridículo.
Por último, esta decisão prova que não existe bom senso na direção do Sporting. Ter Jesualdo na posição de manager parecia uma luz, ainda que ténue. O lugar é importante, o perfil existia. Para quê estragar o que se começou a construir há apenas 19 dias?
Dito isto, repito a ideia inicial. Jesualdo Ferreira tem qualidades evidentes para ser treinador do Sporting. Não surpreende que o seja. Mas merecia um presidente melhor, uma situação diferente. E merecia, já agora, ter avaliado com outra profundidade o passo que aceitou dar há três semanas. Assim chega ao banco do Sporting por uma estrada torta, nada bonita. Não precisava.