A conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira de antevisão à meia-final com o Estrela da Amadora, para a Taça de Portugal, ficou marcada pela visão do treinador do F.C. Porto sobre o estado do futebol nacional. O técnico referiu que se discute o que é fútil, que há anos que se esgrimem argumentos sobre arbitragem, mas que, neste momento, «é o descalabro e a desbunda». Jesualdo Ferreira considerou que não se dialoga sobre o que é essencial e que não se pensa antes para evitar problemas depois.
«Em Portugal, temos por norma não antecipar nada, apenas reagir, porque nunca pensámos no problema», começou por dizer o técnico. «O futebol português chegou a um momento em que as grandes decisões têm de ser tomadas. Se serão, não sei, porque não há trabalho para trás, ninguém antecipou nada e a estratégia é montar as coisas antes delas acontecerem», prosseguiu Jesualdo Ferreira.
O F.C. Porto desloca-se à Reboleira, para defrontar um Estrela em apuros financeiros. A questão começou por aí, mas Jesualdo falava de modo geral, sobre o futebol português: «Não sei se há volta a dar à situação. Eu não vou dar, os responsáveis é que têm de fazer isso. Discutimos as coisas fúteis do jogo, o essencial não é discutido. É através da imprensa que nós recebemos informação, porque eu também não sei o que se passa nos gabinetes dos ministros, no de Obama, a não ser pelos jornais. E a imprensa tem vindo a dar-nos informações sobre os problemas do futebol português. Mas onde estão as soluções? Não há trabalho de casa, não há pensamento, não há estratégia futura.»
«80 por cento das discussão são parciais sobre arbitragem»
Para o treinador do F.C. Porto, não há dúvidas. Fala-se em demasia de árbitros e das decisões destes: «Onde estão as soluções para a pouca assistência, a pouca qualidade de jogo, a seriedade com que as coisas são tratadas? Temos 15 horas semanais de programas na TV, além dos jornais, e garanto que 80 por cento das discussões são visões parciais sobre arbitragem. "Como vi, como não vi", é esta a discussão do futebol português. Façam-se as contas ao número de programas que existem, vejam a quantidade de pessoas que ouvem. A discussão não é sobre o essencial. Há uns anos, havia menos [ polémica sobre arbitragem], mas era igual.»
Depois de responder a duas perguntas sobre a partida com o Estrela, Jesualdo Ferreira sorriu e respondeu um «está a ver», quando questionado se a vitória do F.C. Porto, em Coimbra, saía, de algum modo, beliscada pela arbitragem de Olegário Benquerença.
Ainda, assim, o técnico voltou ao assunto: «Não vejo os programas todos porque não posso nem quero, mas essa é a discussão de anos e anos no futebol português. Agora, é o descalabro e a desbunda. O mais grave é que se fala destes temas com um à vontade e conhecimento de causa das situações que é inacreditável. E depois, com parcialidade.»