Jesualdo Ferreira, treinador do Sp. Braga, analisa a vitória sobre o Olhanense (1-3), que garantiu a passagem aos oitavos de final da Taça de Portugal:

«Não estava à espera [do prolongamento]. Mas admitia, na sequência do que tem sido a nossa vida recente, que era um cenário possível. O Sp. Braga foi feliz na entrada, ao contrário do que tem acontecido, e depois manteve um registo de grande domínio, de grande controlo da partida, de jogo ofensivo permanente, mas também no registo de falhar golos na primeira parte que se manteve na segunda. Mas a ansiedade não subiu aos níveis que subiu noutros jogos, valendo a confiança e capacidade dos jogadores para recuperar e voltar às vitórias. E portanto, nessa perspetiva, o Sp. Braga acabou por ganhar bem. Foi sofrido, e não valia a pena ter sido assim, mas demonstrámos, acima de tudo, qualidade, querer, ambição e uma solidariedade muito grande como equipa.»

«Foi um jogo fora do contexto da I Liga, não terá muitos pontos de contacto com o que tem sido o nosso trajeto que, recorde-se, começou com quatro vitórias em cinco jogos. O nosso trabalho é transmitir confiança aos jogadores e formar uma equipa ambiciosa. O mais importante deste jogo foi seguir em frente para os oitavos de final da Taça e, depois, que os jogadores percebam que já deviam ter feito isto antes e podem fazê-lo com mais facilidade no futuro, se acreditarem no tranbalho que estamos a construir e na forma como vêm assimilando as nossas ideias. Só espero que eles acreditem e que se fixem nos objetivos possiveis, que passam por discutir todos os jogos de forma intensa, e que na hora de entrar em ação tenham confiança para decidir bem.»

«Rafa? Veio da II Liga e criou-se à volta dele um romance muito grande, mas toda a gente se esqueceu que ele ainda não é jogador, está a tentar ser. Já tive muitos 'Rafas' na minha carreira e cabe-me a mim pegar nele, um jogador de 20 anos sem experiência a este nível, e tentar encontrar os melhores processos individuais e coletivos para o que ele pode fazer. Porque ele só poderá ser um jogador de 'top' quando perceber que joga com outros, que não joga sozinho, e tentar aproveitar as suas qualidades fora daquele contexto que as pessoas lhe querem definir. Parece-me um avançado e é aí que seguirá, jogando nos três espaços frontais e aprendendo a defender como toda a equipa tem de defender. Tem de ser mais finalizador e mais robusto, porque ainda não é suficientemente robusto para se dizer que vai ser o tal jogador de futuro, jogando a '10'. Esqueçam o '10'; nos últimos anos só conheci um, o Zidane. O '10' tem características que o Rafa não tem e ele tem características que os '10' não têm. Fez uma boa exibição. Esteve algo apagado a meio do jogo, mas apareceu no fim para marcar dois golos excelentes.»