Jesualdo Ferreira não pede publicamente reforços, mas mostra-se preparado para receber um ou dois novos jogadores no plantel, caso a direcção avance para contratações. O treinador garante que, nesta altura, o grupo de trabalho oferece soluções suficentes, mas deixa a porta aberta, para entradas a curto ou médio prazo.
Com a possível mudança táctica, para um esquema com quatro defesas, torna-se evidente a falta de alternativas para o lado direito, a par das lesões de João Paulo e Pedro Emanuel. Como tal, essa deverá ser uma das prioridades dos responsáveis portistas, tal como o reforço da frente de ataque. Até ao final do mês ou na reabertura do mercado, o Dragão deve ver caras novas.
«O F.C. Porto tem uma forma atractiva de funcionar, mas essas são questões que conversamos internamente mas não abordamos publicamente. Agora, quem quer um F.C. Porto mais forte, tem de estar pronto para alterações», lembrou Jesualdo Ferreira, acrescentando: «Neste momento, tenho jogadores suficientes. Quando ao futuro, são questões que temos discutir», explicou.
De pupilos a colaboradores
Aos 60 anos, Jesualdo Ferreira chega ao F.C. Porto. A longa carreira possibilitou-lhe o contacto com inúmeras figuras do desporto nacional, como João Pinto e Rui Barros. Os dois adjuntos foram orientados pelo técnico nas selecções nacionais, e foi mesmo Jesualdo Ferreira a transformar um extremo esquerdo em lateral de qualidade superior. O seu nome? João Pinto.
Uma história curiosa que o treinador relatou ao pormenor: «Tive a felicidade de ter sido treinador do João Pinto e do Rui Barros, em alturas diferentes, na selecção. João Pinto, na altura conhecido como Silva Pinto, jogava no Oliveira do Douro e tinha 15 anos quando o chamei à selecção. Jogava em todo o lado, a maioria das vezes a extremo esquerdo. Fruto dessa chamada, no ano seguinte, foi para o F.C. Porto e passou a integrar as minhas selecções, até Leipzig, em 1980. Pelas suas características, pelo seu carácter, era um exemplo. Jogou comigo a médio, mas também a lateral direito e esquerdo.»
«Recordo-me de um jogo de juniores, em que José Maria Pedroto disse-me: este vai ser um grande jogador do F.C. Porto. Eu concordei, naturalmente, com ele. Mais tarde, o João Pinto teve um gesto que me marcou. Ele estreou-se como internacional A contra a União Soviética, na Luz, em Novembro de 1983. Em 1984, nos quartos-de-final da Taça de Portugal, quando eu estava no Torrense e jogamos com o F.C. Porto, o João Pinto veio falar comigo antes do jogo e entregou-me a camisola da selecção num saco de plástico. Demonstrou gratidão», recordou, com um sorriso nos lábios, o técnico.
João Pinto, Rui Barros e o holandês Wil Coort asseguram a transição, na equipa técnica do F.C. Porto, e Jesualdo Ferreira reconhece o valor dos seus colabores. «Depois, temos o Rui, o Ruisinho, como costumo chamar-lhe, com respeito. Estivemos juntos dois anos na sleeçcão. Tenho por ele, como pelos outros colaboradores, o máximo respeito. Têm espírito de missão, estão aqui por mérito, por dedicação», considera. Carlos Azenha e Rui Silva acompanharam o técnico na viagem entre o Bessa e o Dragão.