O Benfica é o clube que menos aposta em jogadores portugueses segundo um estudo revelado pelo Sindicato de Jogadores esta semana. Para Jorge Jesus não é surpresa nenhuma, é apenas uma tendência ditada pela globalização e pelos mercados que se tem imposto em todos os grandes clubes. De qualquer forma, com humor, o treinador lembra que o Benfica foi buscar um jogador de Peniche ao Blackburn Rovers (Diogo Rosado) e outro de Camarate ao Espanhol (Rui Fonte).

Mais de metade dos jogadores da I Liga são estrangeiros

É uma questão que não incomoda o treinador que faz questão de lembrar que não há nenhum grande clube com uma maioria de jogadores do próprio país. «Isso não existe em nenhuma parte do mundo. Deixemos de ser nacionalistas, o mundo mudou, na globalização, no acesso ao mercado de trabalho. No futebol é igual. Se puderes ter jogadores de qualidade formados no Benfica, melhor, se forem portugueses melhor ainda. Mas penso que em Portugal não há espaço, não há qualidade para isso. Tem de se formar estrangeiros», começou por destacar.

Uma tendência contrária à que comandou os desígnios do clube até aos anos oitenta, quando o Benfica se orgulhava de jogar só com portugueses. «Essa questão já é do passado. Não é do tempo do D. Afonso Henriques, mas é do tempo das nossas ex-colónias. O Benfica nos anos oitenta tinha uma maioria de portugueses, mas hoje isso não existe. As melhores equipas do Mundo também só têm um ou dois jogadores do respetivo país», prosseguiu. I

Além disso, recorda o treinador, os jogadores portugueses de qualidade, são os primeiros a sair para o estrangeiro. «Quero é treinar com jogadores de qualidade. As equipas grandes nunca vão ter possibilidades de ter uma maioria de portugueses porque quando eles começam a despontar, já estão no estrangeiro. Os miúdos estão a sair com 17/18 anos. Portugal é um exemplo de como é que se forma jogadores. Eles andam atentos aos campeonatos de Portugal e os jogadores vão saindo», destacou.

Apesar de tudo, na reabertura do mercado, o Benfica garantiu, por empréstimo, dois portugueses: Rui Fonte (Espanhol) e Diogo Rosado (Blackburn Rovers). «Em relação a estes dois miúdos que fomos buscar, um foi ao Blackburn, que é ali em Peniche, e outro ao Espanhol, que não é em Lisboa, mas é de Camarate. Saíram novinhos, mas agora tentámos ir buscá-los para trabalhá-los. Somos um país de emigrantes, exportamos trabalhadores para todo o mundo e em Portugal só podem trabalhar portugueses? Deixem-se de tretas...», Atirou ainda a finalizar a conferência de imprensa deste sábado.