Que o novo ano vai ser mais difícil Jorge Jesus já sabe, que o futebol português e os orçamentos das equipas vão, uma vez mais, contornar a crise também o treinador do Benfica não tem dúvida. E porquê, questionou Jesus? Porque, na sua opinião, os portugueses são visionários e essa visão reflete-se na qualidade das equipas e nos resultados nas competições internacionais.

«Quando estive em Nyon, na reunião dos treinadores, a que eles chamam a elite (acho que há muito mais treinadores de elite e não estiveram lá), alguns fazia-lhes confusão como é que as equipas portuguesas, sem recursos financeiros em relação a eles, conseguiam estar, no caso do ano passado, duas na final e três nas meias-finais da Liga Europa, e sempre na fase de grupos da Champions. Se compararem orçamentos, o Manchester United tem um de 300 milhões de euros, o Benfica tem 50. O Valencia tem 100 mil. Disse ao treinador do Valencia que o do Benfica era 50/60 e ele pergunta-me: estás a hablar verdad? Ficou maluco! Como é que a gente consegue ter qualidade de jogadores... Porquê? Porque o português sempre foi visionário, andou sempre à frente e eles querem-nos copiar. E agora está a aparecer uma comissão qualquer que não está a pensar bem o que está a fazer. Às vezes apetece-me dizer coisas certas com palavras erradas, mas hoje vou aguentar-me», afirmou Jorge Jesus, nesta segunda-feira, durante a conferência de antevisão.

O técnico encarnado referia-se a uma proposta que vai ser estudada pelo Governo sobre a protecção de jogadores nacionais através de, por exemplo, a implementação do modelo inglês em que os estrangeiros a actuar no campeonato têm de ser internacionais.

«Os portugueses não têm capacidade financeira, nunca tiveram, para poder contratar jogadores com internacionalizações, que é um dos termos que agora estão a querer impor aos estrangeiros. E eu pergunto: internacionais de onde, das Malvinas? Portugal não tem capacidade financeira para contratar estrangeiros de qualidade. E o que fazem os portugueses. Os portugueses continuam a ter um campeonato competitivo, porque somos formadores de jogadores portugueses e de estrangeiros. Quando falam em restringir jogadores estrangeiros têm de saber o que estão a dizer», defendeu ainda Jorge Jesus.