E o Comité Organizador do Jogos Olímpicos voltou a chamar o exército. Desta vez, no entanto, o combate foi outro: fazer número para iludir as milhares de cadeiras vazias durante as competições em Londres. A organização noticiou, entretanto, que vai colocar mais bilhetes à venda.

Os soldados já tinham sido chamados para o arranque dos jogos, com o objetivo de compensar as falhas da empresa de segurança contratada que, na última hora, se viu em apertos para cumprir as exigências de um evento de tal dimensão. Agora, a missão teve um carácter distinto.

Um problema que está a dar dores de cabeça à organização - milhares de lugares vazios marcam as competições transmitidas em direto pelas televisões de todo o mundo. O secretário de Estado da cultura, Jeremy Hunt, classificou a situação como «muito desapontante». Palavras repetidas pelo primeiro-ministro inglês, David Cameron, que salientou, no entanto, que este «não é um episódio isolado». Certamente por causa disso, o comité organizador já disse, citado pelo «The Guardian», que, se o problema persistir, vão recorrer aos voluntários do evento.

O caso mais notório foi nas competições de ginástica no North Greenwich Arena, onde os fãs da modalidade preencheram apenas algumas das milhares de cadeiras do estádio. Para tentar camuflar a situação, 50 soldados foram chamados ao local, no domingo de manhã.

Também o jogo de basquetebol entre a Nigéria e a Tunísia, na mesma manhã, ficou marcado por 2.000 cadeiras que ficaram vazias, 70% das quais reservadas para patrocinadores, oficiais dos Olímpicos, federações de atletas, etc. Ao mesmo tempo, cerca de 2.500 cadeiras ficaram vazias nas competições no Centro Aquático. O mesmo aconteceu no voleibol no Earls Court, no ténis no Wimbledon e no voleibol de praia no House Guards Parade.

Alguns soldados contaram ao «The Guardian» que estavam nomeados para trabalhar nos vários turnos para garantir a segurança dos espaços mas, em vez disso, foram-lhes oferecidos lugares para assistirem ao jogo de basquetebol dos EUA contra França.

«Eles perguntaram quem gosta de basquetebol e nós pusemos as mãos no ar», contou um dos 15 soldados que viram o jogo.

O ministério da Defesa explicou, entretanto, que os soldados estavam de folga e ocuparam os lugares de forma voluntária.

A contribuir para esta situação estão milhares de bilhetes que foram oferecidos à «Família Olímpica» - patrocinadores, responsáveis desportivos, atletas, jornalistas, etc - que não podem ser vendidos, mas que muitos acabam por não ser utilizados.

Agora, o comité organizador anunciou que vai colocar mais bilhetes à venda nas noites antes dos eventos. Além disso, 3.000 bilhetes foram postos à venda no site oficial no último sábado à noite, refere a «BBC». Foram vendidos, nesse dia, 280 bilhetes.

«É irritante ver tantos lugares vazios na TV», disse Ed Shorthose, inglês, pai de dois filhos, que tem tentado durante meses conseguir bilhetes para ver os Jogos. «Certamente não pode estar fora da responsabilidade da organização permitir que os verdadeiros fãs de deporto preencham os estádios».

Já nos Jogos de Pequim, muitas competições, em especial as da manhã, ficaram marcadas pelas inúmeras cadeiras vazias.

O preço para um adulto é 5 libras. Cada criança paga 1 libra.

[Notícia atualizada às 12h50 com mais informação]