João Freitas Pinto, que passou por Sporting, Belenenses e Benfica e é atualmente professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, aceitou o desafio de liderar a equipa da África do Sul, anfitriã da CAN, no sonho de conseguir chegar ao Mundial de futsal que irá ser disputado na Colômbia em Setembro e Outubro deste ano. 

Fomos ao encontro do treinador português, a dois dias da estreia na competição e após a confirmação da presença da seleção portuguesa. 

- Conte-nos como chegou a selecionador da África do Sul

A África do Sul tem uma associação de Futsal, a SAIFA, incorporada na federação, a SAFA, e foram os responsáveis dessa associação, Poobalan Govindasamy e Ebrahim Hossen, que me convidaram. Pretendem preparar um projeto para o desenvolvimento do futsal no país, querem que a modalidade alcance patamares mais elevados e que esteja mais vezes representada nas grandes competições como o Mundial de futsal. É um projeto muito interessante e desafiante. Estruturar o futsal dum país desde a raiz, além de ser um desafio enorme, é enriquecedor a todos os níveis.  

Que condições de trabalho encontrou?  

Aqui o futsal tem pouca expressão, está a iniciar um processo consolidado de modo a crescer de forma sustentada, daí por vezes poder faltar alguma coisa ou outra, mas basicamente têm tudo e, o mais importante, esforçam-se para que não falte nada para que o trabalho tenha qualidade. Obviamente que há muito a melhorar mas já têm uma estrutura global muito razoável.  

- Considera que existem hipóteses de conseguir o apuramento para o Mundial? 

 Claro que sim, temos bons jogadores tecnicamente que aprendem depressa e que querem muito melhorar o seu conhecimento tático do jogo. Neste momento já estamos preparados para competir. O grande problema aqui é que não há conhecimento dos adversários, há poucos vídeos das competições africanas e na maioria são imagens de há uns cinco anos, a última CAN foi em 2008, muito mudou entretanto. Não tendo esta capacidade de comparação não sabemos muito bem em que nível estamos, a falta de mais jogos internacionais também não ajuda. Mas estamos prontos para iniciar a competição e alcançar o nosso principal objetivo, a qualificação para o Mundial da Colômbia. Aproveito para felicitar a seleção portuguesa pela qualificação para o Mundial. Nós queremos poder defrontar Portugal no Mundial da Colômbia. Temos esse sonho.  

- Pensa que o fator casa será importante 

O fator casa é sempre importante, nem que seja pelo conforto de se jogar num local que já se conhece, e aqui ainda temos o apoio do nosso público, vai ser um grande momento de aprendizagem e de evolução para todos, não tenho nenhumas dúvidas.  

- Após a saída do Benfica, é o primeiro cargo como treinador que aceita. Porquê?  

Sim é verdade, tive algumas propostas para voltar ao treino mais cedo, as quais agradeço, mas ou não era o momento certo, ou não se tratava do projeto que pretendia. Decidi esperar, entrar num projeto consolidado e devidamente estruturado ou como neste caso iniciar um processo e um projeto novo. Estou feliz com a opção que escolhi e com a decisão que tomei.  

- E no futuro?  

Como deve calcular, enquanto a SAIFA e a SAFA pretenderem os meus serviços, é com muito prazer, empenho e profissionalismo que aqui estarei, gosto de cá estar. No dia em que acharem que o melhor é mudar ou eu sentir que já não sou a pessoa indicada para a seleção da África do Sul, obviamente irei partir para outro projeto. Uma certeza eu tenho, continuarei sempre ligado ao futsal.