Palhinha, no fundo, tem total razão. Compreendo e respeito as duras críticas feitas aos torcedores que desperdiçaram preciosos segundos de vida ao assobiarem João Mário em Alvalade na goleada de Portugal diante de Liechtenstein.

Num mundo encantado das mil maravilhas, o mais justo e correto seria perseguirmos com unhas e dentes tamanha atitude desrespeitosa. Mas a realidade é outra. Há problemas imensamente maiores para combatermos.

Vaiar faz parte da maior graça que existe no futebol: a rivalidade. Podemos ou não nos rever em tal ação infantil, mas, com todo respeito, tentarmos privar as pessoas da provocação sadia é um tanto quanto desnecessário. Ou irrelevante.

A violência dentro e fora das arquibancadas, o racismo, a xenofobia, o machismo, os desvios de verbas nos clubes por meio de dirigentes, até mesmo as fracas arbitragens, tudo isso merece muito mais a nossa atenção e, consequentemente, revolta.

Um homem e profissional português tomou uma delicada e importante decisão há quase dois anos. Não machucou (fisicamente) ninguém, mas feriu sentimentos dos mais apaixonados. Não foi o único e nem vai ser o último a trocar o Sporting pelo Benfica. Ou vice-versa.

Infeliz é o torcedor que não consegue perceber e lidar com uma opção honesta e altamente compreensível de carreira. João Mário, enquanto isso, ri à toa. Mais do que nunca, está feliz ao viver a melhor fase na carreira.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil