Um erro grotesco de arbitragem levou João Moreira às primeiras páginas dos jornais espanhóis. O avançado português, antigo internacional sub-21, veste a camisola do Real Linense (II B) e viu-se envolvido numa polémica das grandes. Sem culpa nenhuma, como explica em conversa com o Maisfutebol.

«Vencemos por 1-0 o Badajoz e fui eu que decidi o jogo. Era a minha estreia, entrei a oito minutos do fim, enviei uma bola ao poste e marquei um golo de cabeça.» Até aqui, nada de anormal. O pior veio no dia seguinte.

«Pelos vistos o árbitro enganou-se a preencher o relatório», conta o avançado de 24 anos. «Atribuiu a vitória ao Badajoz! Não sei o que se passou, soube de tudo pela imprensa. Enfim, foi tudo muito estranho. A verdade será reposta, naturalmente, e isto não pode estragar o meu primeiro jogo pelo meu novo clube.»

Um bolo-surpresa nos balneários da Reboleira

No Real Linense, João Moreira pretende «jogar o mais possível e fazer golos». Nada mais natural na vida de um ponta-de-lança. Ainda para mais na vida de um ponta-de-lança que, aos 18 anos, teve o Real Madrid e o Valência em confronto aberto pela conquista dos seus préstimos.

Vizinho de Gibraltar e ídolo de ingleses!

«Tinha feito 18 golos no Estrela da Amadora e o clube precisava de dinheiro. Fui treinar ao Chelsea e ao Arsenal, por exemplo, estive no Real Madrid também, mas acabei por assinar pelo Valência. Fizeram a melhor proposta e fui.»

Foi, é verdade, mas não sem receber uma surpresa na Reboleira. «Cheguei ao treino e tinha um enorme bolo à minha espera», recorda, todo sorrisos, saudosista. « Eu não faço anos, disse-lhes eu. Percebi logo tudo. A minha transferência serviu para pagar muitos meses de salários e eles quiseram agradecer-me.»

Lado a lado com Aimar no planeta «ché»

Valência, a luxúria de um plantel itinerante. «Aimar, David Silva, Villa, Morientes, Kluivert, Joaquín, Di Vaio, Corradi.» Todos ali, lado a lado com João Moreira, diamante lusitano em processo de lapidação.

Concorrência apertada, desejos suprimidos, o regresso inevitável a Portugal. O futuro ché deixa de fazer sentido. «Decidi voltar a casa e rejeitei até convites da I Liga espanhola. Nunca me esquecerei dos dias no Valência, era tudo perfeito. Sinto que sou capaz de voltar a este nível.»

Aterra na Madeira, sobe às nuvens da Choupana, sofre lesão atrás de lesão. A vida começa a andar para trás. «Nos momentos-chave tive uma rotura e uma entorse. Tudo piorou depois do Natal. O meu pai teve um problema cardio-vascular, não cheguei a tempo do primeiro treino e os dirigentes não aceitaram a minha explicação. Isto, apesar de ter feito tudo para os avisar.»

Adeus Madeira, olá Matosinhos. Reino de mar, peixe, paixão pelo Leixões. «Tínhamos Vieirinha, Paulo Machado, Diogo Valente e andávamos a lutar para não descer. Jogávamos todos na selecção, mas no clube o Carlos Brito tinha medo de apostar em nós. Foi pena, sentia-me bem.»

Um golo pela selecção sub-21: