João Pereira foi o convidado semanal da entrevista Maisfutebol/Rádio Clube. O lateral fala do crescimento do Sp. Braga, do sonho de fazer uma surpresa na Taça UEFA e de Jorge Jesus. Diz que no início foi difícil lidar com o treinador, que vive intensamente o jogo, até de mais. Que é uma pessoa cinco estrelas e que tem capacidade para treinar um grande clube da Europa.
A hipótese do Sp. Braga fazer história na Taça UEFA tornou as competições europeias uma prioridade?
Não. A nossa prioridade é a Liga e conseguir uma qualificação europeia. As coisas têm-nos corrido bem na Taça UEFA, em continuidade da Intertoto que ganhámos, temos um jogo importante na quinta-feira e o resultado em Paris pode deixar-nos com perspectivas de passar a eliminatória.

A Taça UEFA é propícia a surpresas. Na última época o Zenit ganhou a prova. O Sp. Braga pode tornar-se num fenómeno parecido?
Sim, temos um grande plantel, uma boa equipa e temos feito grandes jogos na Taça UEFA. Temos consciência que podemos fazer uma surpresa. Mas temos de ter calma, não podemos pensar que vai ser fácil e não podemos iludir as pessoas. Não somos invencíveis e a derrota pode acontecer.
Mas foi uma longa caminhada...
Sim, e já que chegámos aqui, por que não chegar mais longe? Vamos tentar.
O Sp. Braga tem os pontos correspondentes ao que tem feito em campo?
Acho que não, sinceramente. Merecíamos ter pelo menos mais três ou seis pontos, sem dúvidas. Mas já é passado, há que pensar no futuro agora.
Ainda vão a tempo de corrigir isso?
Vamos tentar. Mas o erro não foi apenas nosso.
Se tivesse que traçar o perfil de Jorge Jesus, o que diria?
É um grande treinador, com uma grande personalidade, vive intensamente o jogo, se calhar um pouco até de mais. Mas é a forma de ele ser. Faz uma boa leitura do jogo e profissionalmente é muito bom.
É uma pessoa com quem é difícil de lidar no dia-a-dia?
No trabalho, quando ainda não se conhece a forma de ele lidar com os jogadores, tenho de reconhecer que foi um pouco difícil lidar com ele. À medida que o tempo vai passando vamo-nos habituando e depois já nos rimos com as situações. Fora do campo é uma pessoa cinco estrelas, nada a ver com o que é dentro de campo.
Há pontos de contacto com Camacho na forma como vive o futebol?
Estreei-me com Camacho, foi o treinador que teve a coragem de me lançar e vou estar-lhe eternamente grato. São um pouco diferentes na forma de preparar os jogos. Mas são os dois grandes profissionais, exigem tudo dos seus jogadores, os treinos para eles têm de ser sempre a cem por cento e tratam todos os jogadores da mesma forma.
Está a ver Jorge Jesus com capacidade para treinar um grande?
Sim, claro. Por que não? Tem todas as capacidades para isso. E mesmo para trabalhar fora de Portugal e treinar um grande europeu.
Até onde acha que o Sp. Braga pode ir como clube?

Se continuar a seguir os passos dos últimos quatro ou cinco anos, acho que pode tornar-se verdadeiramente um clube grande e lutar de igual para igual com os outros.
Acredita que a breve prazo?
Sim, se as coisas continuarem a correr bem. Dentro de dois ou três anos. Não tenho qualquer tipo de dúvida.