A menos de um mês dos Jogos Olímpicos, o Maisfutebol lança uma série de reportagens-vídeo, nas quais mostra a preparação e o estado de espírito dos atletas portugueses rumo a Pequim
Foi terceiro na tabela de qualificação olímpica de Esgrima e o bronze do feito colocou-o em Pequim. Será a primeira vez de Joaquim Videira na maior competição internacional e nunca o termo estreante teve tanto significado para o atirador português de 24 anos.

«É a concretização de um sonho de criança, que deu muito trabalho e pelo qual tive de deixar muitas coisas de lado. Naturalmente, será uma aventura, uma descoberta, mas não posso pensar nessas emoções, tenho de concentrar-me exclusivamente no treino», perspectivou o atleta da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, em entrevista ao Maisfutebol.
Com 1 metro e 77, é um baixinho dentro da Espada, mas os centímetros que lhe faltam em altura sobram-lhe em convicção, técnica e resultados. Em 2006 foi vice-campeão do mundo em Turim, o melhor resultado individual de sempre para Portugal, em 2007 ascendeu ao terceiro lugar do ranking mundial e em 2008 tem a oportunidade de lutar por uma medalha olímpica.
«Acredito que me posso bater com qualquer adversário. Não me assustam os nomes ou os centímetros, mas estou consciente que tenho de me preparar bem, que tenho de estar num bom momento e é por isso que estamos a trabalhar e a dar tudo por tudo», defendeu Joaquim Videira, que cedo abdicou do pentatlo moderno para se dedicar em exclusivo à esgrima.
Há mais de dois anos, obteve o pior resultado da carreira (foi 113º) no Campeonato do Mundo de Leipzig, Alemanha, depois de recusar um ponto por ter tocado com a espada no chão durante um combate. Não se arrepende do gesto, que, aliás, repetiria em Pequim, mesmo que em causa estivesse uma medalha: «Não foi a única vez, não será a única e fair-play acima de tudo. É uma coisa que está associada à esgrima, a nobreza da esgrima, o fair-play e espero que nem aconteçam essas situações.»
As correcções do Major Hélder Alves
Antecipar o que vai acontecer nos Jogos é, no momento, um duelo sem adversário para Joaquim Videira. Aperfeiçoar as exigências do major Hélder Alves, seu treinador há mais de 12 anos, ocupa-lhe a maior parte do tempo e impede que o sonho do pódio se revele um pesadelo.
«Nem quero pensar nisso. Quero pensar na preparação, que é o mais importante, e no dia estar no máximo, no meu melhor. E vou dar o meu melhor», garantiu.
Licenciado em Engenharia Electrotécnica, conquista que o deixa «bastante contente» atendendo às dificuldades de conciliar o curso académico com a esgrima profissional, não pensa, para já, noutra carreira que não a actual. «Não acredito que seja possível fazer um trabalho de engenharia e desporto de alto rendimento», assumiu Joaquim Videira, que, contudo, pondera voltar às aulas para aprender «talvez, gestão do desporto».