«Jobson é uma das maiores promessas do futebol brasileiro», garantem ao Maisfutebol. Era. Apanhado duas vezes no controlo antidoping, com cocaína no organismo, o avançado de 21 anos escapou à irradiação mas enfrenta um castigo de 24 meses! Dois anos sem pisar um relvado. A culpa é do crack.
O crack é a cocaína dos pobres. Feita de restos da droga maldita, popularizou-se no Brasil profundo e espalhou-se para a classe média, a classe alta, o futebol. Jobson, apelidado de Jobshow pelo seu futebol desconcertante com a camisola do Botafogo, foi o primeiro jogador de equipas de topo a reconhecer o consumo de crack.
Não teve como fugir. O avançado acusou positivo em dois exames, a 6 de Novembro e 8 de Dezembro de 2009. Se os casos fossem analisados em separado, nunca mais jogaria futebol profissional. Jobson começou por negar. Nem cocaína, a substância detectada, nem nada. Com a contra-análise, a primeira confissão: experimentara uma vez, em festa com actrizes famosas. Crack, cocaína não.
A 20 de Janeiro de 2010, quando Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva anunciou a pena de dois anos de suspensão, Jobson já admitira toda a verdade. Ou quase. Consumia crack desde 2008, dos tempos do Brasiliense, na Capital Federal: «Eu fumei crack, e não foi a primeira vez. Eu uso desde aquela época. Não sei dizer se sou viciado ou não.»
«Problema grave da sociedade brasileira»
Jobson Leandro Pereira de Oliveira nasceu em Conceição de Araguaia, bem para lá de Belém de Pará, há 21 anos. Doze meses depois, foi abandonado pelo pai. A mãe transmitiu-lhe bons valores, mas o talento para o futebol trouxe as más companhias.
O presidente do Brasiliense culpa as origens do jogador. Em Conceição de Araguaia, surgem gritos de revolta e alerta. O crack entrou na vida de Jobson na Capital Federal, em festas de famosos. E não mais saiu.
«Quando contratámos o Jobson, sabíamos que ele tinha vários problemas, como a bebida, mas não tínhamos conhecimento disto. É um problema muito grave da sociedade brasileira e também do futebol. Temos de encarar este problema de frente», diz Estevam Soares, o seu treinador no Botafogo, em conversa com o Maisfutebol.
Jobson tem 21 anos, surgiu no Brasiliense e explodiu no Botafogo. O Cruzeiro ficou encantado e avançou. Tudo estava acertado. Tudo caiu por terra com o escândalo, dois controlos positivos de cocaína, uma confissão de consumo de crack. Um derivado, mas Jobson não sabia, garante o próprio.
A justiça não perdoou. Fez dele um exemplo para os jovens. Estevam Soares critica: «Temos de ajudar o homem, só depois pensar no desportista. Lancei uma campanha para acarinhá-lo aqui no Botafogo. Tratá-lo, acompanhá-lo, porque ele usou a droga por falta de estrutura psicológica. Castigá-lo assim é mandá-lo para o abismo. Vamos recuperar o homem e depois, quem sabe, reaproveitar o jogador. Porque o Jobson é uma das maiores promessas do futebol brasileiro». Era. Até ser tramado pelo crack.
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