«Está por todo o lado. Sabe tudo o que acontece. Dos escolinhas aos profissionais». Assim responde Joel Castro Pereira ao Maisfutebol, confrontado com a responsabilidade de ter diariamente o olhar atento de Sir Alex Ferguson a pender sobre si.

Um português na baliza do ManUtd

É uma sombra omnipresente. Tão depressa bonacheirona e afável, como insuportavelmente truculenta. «Pode ser que um dia ele seja mesmo o meu treinador direto», diz Joel Pereira, 16 anos e um mundo de resoluções gravadas no discurso.

«O senhor Ferguson conhece todos os jogadores do clube. É fantástico vê-lo a entrar na sala de refeições ao almoço e a sentar-se ao nosso lado, todo sorridente. Este é o lado familiar do Manchester United, o lado que mais ninguém vê», acrescenta o guarda-redes português.

«Ele é o boss. É assim que lhe chamamos. Mas só entre nós, claro». Ok Joel, mais ninguém vai saber disso. «Ele fala muito connosco, está sempre a dar conselhos e quer que sigamos o caminho certo. Dentro e fora do campo».

E se Alex Ferguson é a sombra de Carrington [centro de treinos], David de Gea é a luz. «Além de ser um excelente guarda-redes, é um rapaz fantástico. Gosto muito dele, todos os dias tem uma piada nova para me contar», diz Joel, entre sorrisos.

«Dou-me muito bem com ele e no futuro gostava de o ter como colega de plantel», sugere o português, que também em Manchester já viu um compatriota em ação.

«O Beto veio cá jogar pelo Sp. Braga. Tem boa presença na baliza. Aliás, Portugal está bem servido de guarda-redes com o Rui Patrício e o Eduardo». E o Benfica, o clube do coração? «Agora com o Artur está. Antes, nem por isso», responde, tímido, Joel Castro Pereira.

Os 16 anos são a idade da parvoíce, do dizer sim ao proibido. Joel sabe disso, mas tem a certeza de que não sairá do trilho delineado pelo Manchester United. Até porque, lá está, a sombra de Alex Ferguson nunca o permitiria.

«Se algum jogador do Manchester United comete algum erro comportamental, na cidade ou até fora, o clube sabe disso dois minutos depois. Todos nós sabemos isso».