O Maisfutebol noticiou nesta terça-feira a existência de mais de 50 processos do género: jogadores reclamam pensões por Incapacidade Permanente Parcial. Entre os cinco casos a que o nosso jornal teve acesso, um deles foi desfavorável ao atleta: o de Gaspar.

O defesa central contraiu uma entorse com lesão do menisco a 29 de setembro de 2011, ao serviço do Rio Ave. O exame realizado para o efeito apontava para uma incapacidade de 8,153 por cento, mas o tribunal acabou por decidir contra o jogador.

Nesta altura, com 37 anos, Gaspar representa o Sp. Covilhã na II Liga. Já fez mais de trinta jogos na presente temporada mas admite que a sua vida nunca mais será a mesma na sequência daquela lesão.

«Fiquei sem parte do menisco, não consigo dobrar bem o joelho e isso afeta a minha vida desportiva mas não só. Não posso por exemplo colocar-me de joelhos para brincar com os meus filhos. Tive de mudar muita coisa desde essa altura», começa por dizer.

Gaspar continuou a jogar mas sente o peso da lesão. «Sinceramente, se continuei a jogar, foi por teimosia. Podia ter terminado a carreira, evitar estar sujeito a nova operação e não correr o risco de agravar isto.»

«Tenho conseguido jogar mas defendo-me. Evito terrenos pesados, por exemplo. Depois dos jogos, o joelho fica inchado, os músculos completamente diferente, mas infelizmente o tribunal não quis saber disso», desabafa, ao Maisfutebol.

O Tribunal de Santo Tirso considerou que Gaspar estava curado sem incapacidade permanente.

Só querem saber se temos atrofia ou não»

«Foi-me dada uma incapacidade de 0,00000 por cento. Enfim. Só querem saber se temos atrofia ou não, não querem saber se temos dores, se a nossa vida mudou por causa disto. Sinto-me lesado e, se tenho direito, acho que devo ser compensado», faz questão de frisar.

O defesa-central equipara os profissionais de futebol a qualquer outro trabalhador. «No dia em que fui a tribunal, havia mais trabalhadores com processos por incapacidade. Nós somos como eles, temos esse direito. E podemos continuar a jogar, mas não o fazemos a cem por cento. Temos de nos sacrificar.»

«Sei que estamos uma profissão de desgaste rápido e dantes tínhamos benefícios fiscais por isso mesmo. Mas e o futuro? Saber que não vou poder dobrar-me para brincar com os filhos, depois com os netos? Felizmente, só meti um processo aos 37 anos, sinal que não tive lesões até aqui», remata Gaspar.

O jogador não descarta a possibilidade de avançar para novo processo no final da presente temporada.



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