Primeiro os reforços, depois as caras velhas. As mesmas ideias, qualidades diferentes. O Benfica apareceu por fim na pré-temporada. Fê-lo no Restelo na Taça de Honra e com um triunfo sobre o Estoril, também ele renovado. O campeão nacional manteve o mesmo estilo, mas ainda é preciso muito quilómetro para perceber o que vale na verdade. Não só coletivamente, como cada uma das suas peças.

Por exemplo, como vai andar Talisca quando a época for a meio. Se vai despachar serviço como fez nesta sexta-feira ou se vai aumentar os erros que também se lhe viram. Sem grandes conclusões a tirar, fiquemos pelo jogo que teve de início, do lado encarnado, apenas dois jogadores que fizeram toda a época na Luz (plantel principal, entenda-se): Artur e Jardel. O oposto do Estoril que não apresentou um único reforço no onze.

Leia aqui a apreciação individual

As ideias de Jorge Jesus estão lá. O Benfica em 4x4x2, com um médio a ditar a pressão: Talisca subia para isso, com Derley e Jara na frente em cima dos centrais. Cá atrás, tudo igual ao que se vira na época anterior, com os alas a flutuarem consoante a saída de bola e, novidade, já um belíssimo entendimento entre Ola John e Loris Benito.

Aliás, jogadas de perigo praticamente só saíram dali. Com o holandês a vir para dentro, num movimento típico, e o suíço a passar-lhe nas costas para depois cruzar. Aos 18 minutos houve, assim, um primeiro ensaio para aquilo que veio a ser o golo. A bola de Benito só encontrou Candeias na ressaca, para o português ex-Nacional tentar do lado oposto uma assistência que terminou num corte de Yohan.

Ora, enquanto isto percebia-se outras coisas: a primeira era que o Estoril não tinha um médio que fizesse a bola girar entre linhas. Pois, Evandro foi para o FC Porto. Babanco ainda o tentou ser, mas não é a mesma coisa. Por isso, ataques estorilistas só com erros encarnados, como em dois passes mal medidos de Talisca e outro de João Teixeira. Os de Jardel foram cortados mais cedo, antes de haver perigo real.

Outra coisa que se percebia é que o nervosismo com Artur continua. Já nem se percebe se é transmitido da bancada para o relvado, se é do guarda-redes para os adeptos. Possivelmente, é um pouco das duas coisas. O certo é que o guardião do Benfica evitou o empate com uma grande defesa, aos 38 minutos, para depois ter uma ou outra saída dos postes menos eficaz.

Falou-se em empate porque antes houve golo. Uma jogada perfeita dos encarnados, com os médios a trocarem a bola, Talisca tirar um adversário do caminho e abrir para Ola John. O movimento de Benito pediu a bola e o suíço recebeu-a. Talisca correu para a área e foi lá finalizar de cabeça. Primeiro golo do Benfica na pré-temporada. E único, pois se leu o resultado sabe que isto terminou em 1-0.

Já depois de uma arrancada de Derley que podia ter originado o 2-0, a partida foi para descanso e logo a bancada afeta ao Benfica exultou quando, no regresso, vieram Salvio, Lima, Cardozo e Gaitán. Mais João Cancelo, que ainda não tem o estatuto dos sul-americanos. A qualidade no trato da bola subiu, mas as ideias (mantiveram-se) e as ocasiões (ainda menos) nem por isso mudaram em relação à primeira parte.

Ou seja, o campeão anda a trabalhar no mesmo molde que o levou ao título, mas, como em qualquer primeiro jogo da temporada, de qualquer equipa, é difícil tirar mais conclusões. Válido isto também para o Estoril, que teve em Tozé um jogador que deu dinâmica ao miolo e mostrou que o mercado pode trazer jogadores interessantes outra vez, num jogo pobre em golos, em ritmo e em ocasiões, típico, portanto, do tempo de trabalho das duas equipas.