Kamila Valieva indicou o uso de duas substâncias legais utilizadas para melhorar a função cardíaca, num formulário de controlo antidoping preenchido pela patinadora antes de testar positivo ao uso de uma substância proibida. 

A Agência Mundial Anti-doping declarou que a existência de L-carnitina e Hypoxen, apesar de legais, anula o argumento de que uma substância proibida, a trimetazidina, poderia ter entrado acidentalmente no organismo da jovem.

Hypoxen, uma droga concebida para aumentar o fluxo de oxigénio para o coração, foi uma substância que a Agência Anti-Doping dos EUA tentou recentemente, sem sucesso, acrescentar à lista de substâncias proibidas.

A L-carnitina, outra potenciadora de desempenho e também ligada ao aumento de oxigénio, é proibida, se injetada acima de certos valores.

A combinação daquelas duas substâncias com 2,1 nanogramas de trimetazidina, a droga encontrada no sistema de Valieva após um teste a 25 de dezembro, é «uma indicação de que algo mais sério está a acontecer», disse o líder da agência norte-americana, Travis Tygart.

«Tudo isso é usado para aumentar o desempenho», disse Tygart. «Isso compromete totalmente a credibilidade» da defesa de Valieva, acrescentou.

A jovem russa testou positivo a trimetazidina no dia de Natal durante os campeonato da Rússia e foi suspenso já nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, mas a decisão foi mais tarde levantada. 

A mãe de Valieva argumentou que o avô da patinadora era um utilizador regular de trimetazidina, o que explicaria como esta entrou no seu sistema.

O teste positivo de Valieva tornou-se público depois de a patinadora artística ter conduzido os russos a uma medalha de ouro na patinagem artística por equipas na semana passada.

A agência antidoping russa suspendeu-a primeiro, mas depois levantou a suspensão. Isso levou a Agência Mundial Antidoping e o Comité Olímpico Internacional (COI) a apelar ao Tribunal Arbitral do Desporto, que determinou que Valieva pudesse patinar na competição individual, que começou na terça-feira.

Por ter 15 anos, Valieva é considerada uma «pessoa protegida» ao abrigo das regras antidoping e pode escapar a grandes sanções. Os seus treinadores e outros membros da sua comitiva estão sujeitos a uma investigação automática e sanções maiores.

Entretanto, o COI disse que não haverá cerimónia da entrega de medalhas para as competições em que Valieva suba ao pódio. A atleta olímpica é uma das favoritas.