O Governo japonês quer mobilizar dez mil médicos e enfermeiros para os Jogos Olímpicos, no próximo verão, em Tóquio, apesar de o sistema de saúde nipónico estar já saturado devido à covid-19.

«Estamos a tentar obter o pessoal médico necessário, cerca de dez mil pessoas, pedindo aos médicos e aos enfermeiros para trabalharem, cada um, cerca de cinco dias durante o período dos Jogos», de 23 de julho a 8 de agosto, afirmou a ministra encarregada do evento, Seiko Hashimoto, perante o parlamento.

Relativamente poupado, até aqui, pela pandemia, o Japão registou cerca de cinco mil mortos devido à covid-19, mas os médicos já advertiram que o sistema de saúde corre o risco de se «afundar» se os Jogos Olímpicos agravarem o número de infeções.

Desde o início do mês que Tóquio e dez outras regiões estão em estado de emergência para responder a um forte recrudescimento dos contágios no país. Perante estes receios, a oposição no parlamento criticou os planos inalterados do Governo de Yoshihide Suga.

A organização continua a debater a questão das infraestruturas médicas necessárias e a forma de «tratar as infeções de covid-19» durante o evento, acrescentou Hashimoto.

O agravamento da pandemia em todo o mundo, incluindo no Japão, reavivou as dúvidas sobre a realização de Tóquio2020, já adiados no ano passado devido à covid-19.

Várias sondagens recentes mostraram uma queda no apoio à realização de Tóquio2020 na opinião pública japonesa.

Na semana passada, o presidente da Associação Médica do Japão, Toshio Nakagawa, advertiu que, nas atuais circunstâncias, seria impossível admitir em hospitais espetadores estrangeiros infetados.

Cerca de onze mil atletas de todo o mundo devem participar nos Jogos Olímpicos, mas responsáveis olímpicos consideraram recentemente a possibilidade de realizar o evento sem espetadores.

Os comités olímpicos norte-americano, canadiano e australiano declararam já que iam continuar a preparar os atletas para Tóquio2020.

O Comité Olímpico Internacional aconselha oficialmente a vacinação anticovid-19, mas não a pode impor.