José Manuel Constantino assumiu que houve atrasos no pagamento das verbas devidas a Rui Bragança, pela bolsa de mérito desportivo que conquistou pelos resultados alcançados.

Recorde-se que, após o nono lugar final nos Jogos Olímpicos, o atleta de Taekwondo queixou-se da falta de apoios e sublinhou que não iria pedir mais dinheiro aos pais para poder competir e estar em Tóquio 2020.

Constantino, em entrevista à Lusa, explicou a situação do campeão europeu: «O Rui Bragança recebeu durante o projeto de preparação olímpica a bolsa mais elevada que nós temos. Recebeu aquilo que decorre da qualidade e do mérito desportivo alcançado. Ele é atleta de nível 1, recebeu essa bolsa diretamente, foi-lhe entregue regular e mensalmente. Além disso, a federação recebia uma bolsa para a preparação do atleta e uma parte significativa dessa bolsa não chegou atempadamente ao atleta.»

Objetivos não foram alcançados, assume Constantino

O COP foi alertado pelos próprios pais de Rui Bragança, que é também estudante de medicina, a cerca de três meses dos Jogos Olímpicos. Constantino garante que houve intervenção imediata junto da Federação, mas que o problema «ficou por resolver», sublinhando, porém, que «não tem a ver com os apoios que foram concedidos, tem a ver com a forma como a gestão desses apoios foi assumida.»

De qualquer forma, José Manuel Constantino rejeita que a falta de apoios tenha influenciado qualquer resultado. O contrato assinado com o Estado previa 13,5 milhões para o projeto olímpico. E explica por que pensa assim: «Os atletas que estiveram nos Jogos Olímpicos foram atletas que, com as condições que o país lhes oferece, já tiveram posições de topo, em Campeonatos do Mundo, da Europa, inclusivamente em Jogos Olímpicos.»

O dirigente aponta, assim, para «outros fatores, designadamente a circunstância de os opositores terem sido mais fortes, terem sido mais competentes naqueles momentos.»

«Sara Moreira? Não deixa de ser surpreendente…»

Outro tema abordado nesta entrevista foi a situação de Sara Moreira, que desistiu logo nos primeiros quilómetros da maratona, sabendo-se depois que padecida de uma fratura de stress.

José Manuel Constantino remeteu esclarecimentos para a Federação de Atletismo.

«A responsabilidade institucional da missão é do Comité Olímpico, mas a responsabilidade desportiva é das diferentes federações. Se a federação desportiva indicou que atleta estava em condições de competir, é a entidade mais bem colocada para responder à questão. De facto, não deixa de ser surpreendente. Ao fim de poucos quilómetros, a atleta vê-se obrigada a desistir, o que faz supor que já era portadora de alguma insuficiência física», reconheceu.

Constantino garantiu que Sara Moreira fez exames no Rio de Janeiro, antes da prova, «que também não indiciavam nenhuma situação limitativa», tal como o relatório médico fornecido ao COP.