No dia em que o COI admitiu adiar para data a designar a realização dos Jogos Olímpicos de 2020, o presidente do organismo veio a público com um discurso, no mínimo, surpreendente. Thomas Bach está mais interessado em «não destruir o sonho de 11 mil atletas» do que mostrar em empenho em salvar, no mínimo, o mesmo número de vidas.

«O cancelamento não iria resolver nenhum problema, nem ajudar ninguém. Tal como vocês [atletas], nós estamos com um dilema: o cancelamento dos Jogos destruiria o sonho olímpico de 11.000 atletas dos 206 comités olímpicos nacionais, da equipa olímpica de refugiados do COI e muito provavelmente para os atletas paralímpicos», disse o dirigente alemão, este domingo. 

Bach prefere continuar a analisar as melhorias conseguidas por todos os países e ainda acredita que a prova nipónica pode arrancar a 24 de julho.

«Vários locais necessários para os Jogos podem não estar mais disponíveis e a situação com os milhões de noites já reservadas em hotéis é extremamente difícil de gerir. O calendário desportivo internacional de, pelo menos 33 desportos olímpicos, teria de ser adaptado.»

Onde fica a proteção das vidas humanas? «Queremos fazer parte da solução e a prioridade é a proteção das vidas.» Um paradoxo.