White Hart Lane abre as portas para receber o Benfica após uma vitória amarga (2-1 na segunda mão, 3-1 para os encarnados na Luz) em abril de 1962. O Tottenham falhou o acesso à final da Taça dos Campeões Europeus, conquistada pela formação portuguesa. Os adeptos do Benfica não esquecerão esta página dourada da história do clube mas sobra espaço para recordar quem estava do outro lado.

Tottenham: os buracos em que caiu Villas-Boas

O Tottenham aprendeu a lição e conquistou a Taça das Taças na época seguinte. Foi, aliás, o primeiro título europeu para uma equipa de Terras de Sua Majestade. Esses Spurs desbravaram caminho além-fronteiras, já depois de terem atingido a glória no seu país. Em 1961, fizeram a dobradinha em Inglaterra, vencendo campeonato e Taça.

O capitão Danny Blanchflower e o goleador Jimmy Greaves eram as figuras dominantes na formação orientada por Bill Nicholson. Porém, o Tottenham não dispensava a velocidade de John White.



White, um frágil escocês, foi contratado em outubro de 1959. Proveniente do Falkirk, o jogador apresentava um desempenho interessante…em provas de corta-mato. Porém, a sua estrutura física motivava enorme desconfiança.

Os adeptos do Tottenham renderam-se em poucas semanas. John White entusiasmava pela rapidez, a qualidade técnica e o oportunismo. Do nada, apareceria na área contrária. Surgiu com naturalidade a alcunha: o Fantasma de White Hart Lane.

Com ele, os Spurs venceram pela segunda e última vez o campeonato nacional. Para além disso, levantaram duas Taças de Inglaterra, duas Charity Shields, chegaram às meias-finais da Taça dos Campeões Europeus e conquistaram a Taça das Taças. Goleada frente ao Atlético de Madrid no jogo decisivo (5-1).


John White marcou um golo nessa final de maio de 1963. Um ano depois, morreu de forma trágica.

O Fantasma de White Hart Lane tinha apenas 27 anos. Em gozo de férias, o jogador estava a praticar golfe com amigos em Crews Hill. De repente, uma tempestade violenta. White procurou refúgio no local errado: uma árvore. Um raio ditou o fim prematuro.

John White faleceu a 21 de julho de 1964. Meio século depois, continua a ser lembrado. Para trás ficaram a esposa de 22 anos e três filhos. Mandy tinha 2 anos, Rob apenas 6 meses e Stephen, fruto do primeiro casamento, não chegou a conhecer o pai.

O médio viria a entrar no Hall of Fame do Tottenham e do Futebol Escocês.



Aquele Tottenham foi perdendo fulgor. A geração que colocara os Spurs no mapa europeu, para além de conquistar a dobradinha inglesa, saiu de cena.

Em 1971/72 e 1983/84, a equipa de White Hart Lane recuperou de forma pontual a sua glória além-fronteiras: duas Taças UEFA. A última foi conquistada há precisamente 30 anos, após dois jogos e um desempate por grandes penalidades frente ao Anderlecht.

Nos últimos anos, o Tottenham não conseguiu melhor que uma presença nos quartos-de-final da Liga dos Campeões (2010/11). Depois de superar Inter de Milão, Twente e Werder Bremen na fase de grupos, a formação orientada por Harry Redknapp bateu o AC Milan antes de sofrer duas derrotas sintomáticas frente ao Real Madrid: 4-0 e 1-0.

Chega então o Benfica a White Hart Lane, onde continua a pairar o Fantasma de John White. 52 anos mais tarde, os Spurs procuram a vingança.