A comunidade portuguesa lança mesmo sementes para todos os cantos do Mundo. O Maisfutebol conseguiu descobrir um jogador formado no Benfica, a par de nomes como Manuel Fernandes e Ruben Amorim, que passou o último ano a adaptar-se às condições climatéricas da longínqua Islândia, enquanto representava a equipa com maior historial do país, o KR Reykjavík.
Jordão Diogo tem 23 anos e teve de fazer as malas para alimentar o sonho de ser jogador de futebol. Passou pelos escalões de formação de Benfica e Casa Pia, até chegar ao Alverca. Em 2005, o clube ribatejano fechou portas.
«Não tenho inveja dos que estão a jogar na primeira divisão, fico contente por eles, mas claro que penso sempre que o meu futuro podia ter sido diferente», atira Jordão.
Falaram-lhe em Inglaterra. Nem hesitou. Estava preparado para tudo e esteve por lá três anos. Seguiu-se um convite inesperado.
A cunha do pai de Gudjohnsen
A pergunta ansiava por sair. Como é que se vai parar à Islândia para jogar futebol? «Foi através do pai do Gudjohnsen (ndr. jogador do Barcelona que passou pelo Chelsea), que também é empresário dele e me recomendou. Fui fazer testes e, após um treino e um jogo, ofereceram-me um contrato de um ano. Estava a correr bem, mas em Setembro, detectaram-me uma inflamação à volta do coração e tive de parar», relata o extremo esquerdo.
E então, como é jogar na Islândia? Antes de mais, como é a Islândia? «Pensava que os jogadores fossem mais fracos. E o clima. Incrível mesmo. Cheguei em Abril e eram 24 horas de sol por dia. Fiquei um pouco tresloucado. Por qualquer coisa, ficava cansado. Para dormir, só mesmo escondendo-me completamente da claridade. E o campeonato só dura até Setembro, porque depois a neve não o permite», explica. Até custa imaginar.
Um travo a xenofobia e o coração
O Knattspyrnufélag Reykjavíkur (KR Reykjavík é melhor, sem dúvida) foi fundado em 1899 e tem o maior número de títulos no futebol islandês. Segundo os relatos, o equipamento foi escolhido da seguinte forma: seriam copiados os trajes do próximo campeão inglês. Calhou o Newcastle.
Os jogadores islandeses não estão propriamente habituados a estrangeiros. «Existem alguns escandinavos, noruegueses sobretudo, e um par de jogadores ingleses», recorda Jordão: «Eu tive alguns problemas em ser aceite pelos outros jogadores ao início. Não digo que tenha sido racismo, mas são fechados e não estão habituados a estrangeiros. Felizmente, os adeptos gostaram de mim e até me fizeram uma música. Lentamente, lá comecei a ser aceite por todos.»
O KR Reykjavík terminou o campeonato na quarta posição mas venceu a Taça da Islândia. Nessa altura, Jordão Diogo já tinha voltado a Inglaterra. «Certo dia, senti-me muito cansado e tive de ir ao hospital. Diagnosticaram-me uma inflamação à volta do coração. Fiz vários exames e aconselharam-me a parar um mês. Só agora é que estou a regressar, já de novo em Inglaterra», atira, em conversa com o Maisfutebol.