O ex-piloto de motociclismo Jorge Lis está há 15 dias em «estado de extrema gravidade» com covid-19 na unidade de cuidados intensivos do Hospital La Fe, em Valência. O espanhol sempre negou a existência do vírus e recusou vacinar-se.
A irmã de Jorge, Elena Lis, partilhou com o jornal Levante-EMV a última mensagem que o ex-piloto lhe enviou, na qual diz: «Esta semana, de repente, foi uma das minhas maiores lições de vida. Passar muito tempo no Twitter radicalizou-me ao extremo. Quem me dera ter sido vacinado», disse Jorge Lis, arrependido pela decisão que tomou.
Elena diz que o irmão sentiu os sintomas do vírus e foi logo internado no hospital sem suspeitar que o caso piorasse. «Saiu com o computador e uma mala carregada de livros, sem suspeitar que em poucos dias o induziriam em coma, porque era preciso entubá-lo para salvar-lhe a vida», disse a irmã de Jorge, que acrescenta: «Em questão de horas, ele deixou de acreditar que ia ter alta e piorou com uma grave pneumonia bilateral».
Elena recorda as várias discussões que teve com o irmão sobre o vírus e as demasiadas teorias que o fizeram desacreditar na gravidade da situação.
«O Jorge e eu discutímos várias vezes sobre a covid. Na verdade, era o único motivo de discussão. Ele, que no início da pandemia vivia com medo, repentinamente deu uma guinada e foi infetado por um vírus invisível e muito perigoso: o vírus das teorias que negam a existência da covid ou relativizam os seus efeitos. Ele deu ouvidos aos chamados gurus que se gabavam de lidar com informações privilegiadas. Entretanto a vacina apareceu e, na mesma linha, ele recusou-a. Até tentou fazer com que o resto da família, incluindo a minha mãe de 84 anos, também não se vacinassem», admitiu a irmã do ex-piloto.
Elena mantém a esperança na recuperação do irmão, mas acredita que pode ser tarde demais. «Prefiro não pensar noutros cenários. Não me esqueço dos olhos assustados e suplicantes dele quando lhe disseram que ia ficar pelo menos 15 dias internado. O que ele teria dado naquela altura para ter aquela vacina que ele desprezava. É muito tarde para ele. O destino está traçado e ele agora só depende de Deus e dos médicos que há meses se esforçam para combater uma pandemia que alguns imprudentes ainda insistem em negar», concluiu Elena.