21 diretores de informação uniram-se para uma tomada de posição sobre as ações do Ministério Público que entraram em choque com a liberdade de imprensa, tornadas públicas com a notícia de que procuradoras do DIAP de Lisboa ordenaram meses de vigilâncias com registo de imagens a jornalistas, na via pública, para descobrir quem são as fontes dos mesmos.

Os responsáveis editoriais de estações de televisão como a TVI, RTP e SIC, e dos principais jornais, revistas e rádios portugueses, subscreveram um documento «Em defesa de uma comunicação social livre», dirigido às mais altas instâncias e figuras do Estado, do Presidente a República à procuradora-geral da República, passando pelos presidentes da Assembleia da República e dos grupos parlamentares, do Tribunal Constitucional ao Supremo Tribunal de Justiça e Conselho Superior da Magistratura.

Em causa está, como pode ler no site da TVI24, «um Estado de Direito Democrático onde se tornou agora público, graças à liberdade de informação da imprensa, que Jornalistas foram objeto de inquirições sobre as suas fontes de informação, vítimas de seguimentos policiais, vigilâncias, fotografias e filmagens por forças policiais, as suas mensagens telefónicas foram objeto de acesso intrusivo e transcritas para um processo criminal, e até a um dos visados o sigilo bancário lhe foi levantado. Tudo feito sem sequer ter passado pelo crivo de um Magistrado Judicial, no caso um Juiz de Instrução Criminal, a quem competiria, pelo menos segundo a lei, ser o juiz das garantias dos cidadãos objeto de tal investigação criminal.»

Os subscritores pretendem «lançar um alerta destinado a evitar que esteja em curso um subtil ataque à liberdade de imprensa, e, assim, um ataque ao Estado de Direito Democrático e ao regular funcionamento das instituições democráticas».

Anselmo Crespo, da TVI é um dos subscritores do documento. O atual editor de justiça da TVI foi um dos visados nas ordens de vigilância do Ministério Público.