Aos 57 anos, José Mourinho acredita que ainda tem «mais dez ou 15 anos» de carreira pela frente. Isso mesmo disse o técnico português na Web Summit, conferência onde foi galardoado.

«Sou uma pessoa humilde, que tenta sempre aprender mais e ser melhor. Acredito que sou muito melhor do que há 10 ou 20 anos. Tenho 57, sou muito novo face ao meu trabalho, e não ficaria surpreso se tivesse mais dez ou 15 pela frente, disse, citado pela Lusa.

O atual treinador do Tottenham diz estar focado em «desfrutar de um trabalho que é uma paixão», e que mantém o «desejo e a paixão de treinar todos os dias».

«Há grandes diferenças entre sucesso e uma carreira de sucesso. O sucesso é o momento, pode estar relacionado com o talento, mas também com o facto de estar no sítio certo à hora certa. Outra coisa é um percurso bem-sucedido, que é desenhado ano após ano. Sempre quis essa carreira e sinto que faz parte do meu ADN», referiu.

Depois, Mourinho lembrou os «obstáculos» que teve de enfrentar para se tornar treinador apenas com formação académica.

«Era um período completamente diferente. As pessoas acreditam hoje que há diferentes formas de ser treinador. Há 20 ou 30 anos, a maior barreira era existir um foco centrado nos ex-jogadores, esquecendo que quem misturava a academia com alguma experiência futebolística, mesmo não sendo ao mais alto nível, também podia lá chegar.»

«Nunca quis ser o rosto de nenhuma luta», garantiu, acrescentando: «Existem excelentes treinadores oriundos de diferentes formações. Era só uma questão de provar que há espaço para todos os que adoram competir, treinar e liderar. Acredito hoje que uma ótima equipa técnica é muito importante para que as pessoas se complementem umas às outras.»

José Mourinho lembrou ainda o início da carreira, em Portugal, e o percurso que fez até aos dias de hoje: «Quando comecei a carreira no meu país, o objetivo era fazer tudo aquilo que aconteceu em 2003/04 [no FC Porto]: chegar ao topo do futebol mundial com uma equipa portuguesa recheada de jogadores nacionais. Daí em diante, nunca mais ninguém repetiu aquele feito. Foi um momento de orgulho e o clique na minha carreira.»

«Cheguei a todos os campeonatos de topo e percebo que fiz com que os mais novos sonhassem. Na minha geração, os mais jovens queriam ser jogadores, mas a realidade é que hoje há muitos miúdos que sonham ser treinadores. Se ajudei nisso, é algo tão ou mais importante do que ter mais ou menos troféus, mais ou menos medalhas», continuou.

«Não gosto de zonas de conforto, por isso não escolhi um campeonato intermédio antes de ir para a Premier League. Todos diziam o quão era difícil a mentalidade italiana para um treinador com outra metodologia. Em Espanha, o FC Barcelona era dominador e não havia maior desafio. Hoje sou uma pessoa rica e com experiência fantástica. A minha maior conquista? Pode parecer tonto, mas foi o último jogo que ganhei [4-0, frente ao Ludogorets]», atirou.