A geração de jogadores que venceu a Taça dos Campeões Europeus de 91 foi provavelmente a melhor geração do futebol jugoslavo. Quatro anos, Prosinecki tinha sido o melhor jogador de um Mundial de juniores que a Jugoslávia venceu: ao lado de Mijatovic, Suker, Boban, Jarni e tantos outros.

Em 1992 apresentava-se por isso no auge das suas capacidades e pronta para impressionar o mundo no Europeu da Suécia. Questões políticas não lho permitiram. «Foi uma injustiça muito grande», conta Milic Jovanovic. «A política misturou-se com o futebol e foi cruel para muitos jogadores.»

O caso mais surreal será o de Darko Pancev. O avançado que um dia Sousa Cintra sonhou ter no Sporting, e que acabou no Inter Milão, foi o Bota de Ouro de 91. Mas não recebeu o prémio. «Era macedónio e a UEFA considerou que não se devia dar o prémio a um jogador de um país que estava em guerra.»

O dia em que um clube adiou a guerra (e venceu a Champions)

«Quinze anos depois, quando se levantou o embargo, entregaram-lhe então o prémio. Quinze anos depois», repete Jovanovic ao Maisfutebol. «Falei com ele nessa altura, disse-lhe que merecia aquele prémio porque era dele e ele disse-me que era política e em relação a isso não se pode fazer nada.»

O caso mais mediático foi porém o da selecção no Euro 92. «Os jogadores estavam na Suécia, preparados para jogar e em cima do início da prova proibiram-nos de participar.» O caso assumiu contornos surreais. «Levantou-se o embargo e os aviões da Jugoslávia não podiam sobrevoar o território europeu.»

«O avião estava na Suécia, pronto para trazer os jogadores para casa, mas não podia sobrevoar território europeu. Após dias de conversações, chegaram a um entendimento. Quando recebeu autorização para levantar voo, outro problema: a Suécia não vendia combustível a um avião jugoslavo», recorda.

Quando Boban afirmou a iminência da guerra

«Passou-se mais um ou dois dias em conversações, até que o avião regressou a Belgrado muito injustamente. Depois a Dinamarca, que entrou no nosso lugar, ganhou esse Europeu. Podíamos ter sido nós. Mais uma vez a política estragou tudo. A política andou sempre metida no meio da nossa geração.»

Uma política com a qual Jovanovic nunca quis ter nada a ver. «Foi uma injustiça muito grande», sublinha. «Por causa da política aqueles jogadores não foram tão longe como podiam ter ido. Imagine uma selecção com Stojkovic, Boban, Prosicenki, Savicevic, Mijatovic, Pancev, Suker, Mihajlovic, Jugovic...»

Recorde um Dream Team que nunca o foi: