(artigo atualizado às 11h36)

José Sousa Cintra testemunha esta sexta-feira no âmbito do julgamento aos ataques da academia de Alcochete, episódio que acabou por potenciar a saída de Bruno de Carvalho da presidência do Sporting e a nomeação de uma Comissão de Gestão para gerir o clube até às eleições nas quais Frederico Varandas foi eleito.

Em declarações aos jornalistas à chegada ao Tribunal do Monsanto, em Lisboa, o antigo presidente do Sporting e líder da SAD durante o período da Comissão de Gestão mostrou estranheza por ter sido chamado a depor. «O tribunal notificou-me para vir aqui e cá estou. Mas não tenho nada para dizer, porque não conheço as pessoas», afirmou, considerando depois que houve erros de parte a parte que podem ter potenciado os episódios de 15 de maio de 2018.

«Se tivesse havido alguma compreensão e diálogo entre todas as partes, podia ter-se evitado isto. As claques portaram-se mal, mas há que corrigir essas coisas, penalizar o que tiver de se penalizar, mas sem se chegar a extremos, porque isso não funciona», disse dando como exemplo a relação que ele próprio manteve com as claques. «Foi sempre impecável. Havia sempre um caso ou outro, mas conversávamos e também é preciso tolerar a juventude.»

Sousa Cintra aproveitou para tecer reparos à atual direção do Sporting, à semelhança do que tem feito noutras ocasiões. «Tive penas que as coisas não tivessem corrido como a Comissão fez. Foi feito um trabalho brilhante, de numa situação tão difícil recuperar aqueles jogadores e dar uma nova alma e entusiasmo ao clube. É bom lembrar: quando eu saí do Sporting, o Sporting estava em primeiro lugar e já tinha jogado com o Benfica na Luz e com o Sp. Braga. O clube estava animado, o treinador estava a dar conta do recado e os jogadores estavam comprometidos com o projeto de sermos campeões e dar uma grande lição ao futebol por aquilo que tinha acontecido. Depois o Dr. Varandas chegou ali e quis alterar as coisas: e não foi isso que ele disse na campanha.»

O empresário garantiu que estará sempre disponível para ajudar o Sporting, mas descartou a possibilidade de voltar a assumir a liderança do clube. «Não me vou candidatar mais. Já fui candidato no passado e orgulho-me de ter entrado e saído pela porta grande. Nunca saí pela porta pequena», disse, vontando a lamentar o clima de crispação entre a atual direção de Frederico Varandas e as claques. «Nunca vi ninguém ganhar nada com guerras, mas entraram para aí numa guerra desenfreada e não sei onde é que isto vai parar. Não é esse o meu caminho. O meu caminho é de tolerância mas também de responsabilidade. As pessoas têm de ser responsáveis, se não isto é uma bagunça», concluiu.