O ex-futebolista Abel Silva disse hoje em tribunal que recebeu 30 000 euros de dois dos principais arguidos do processo «Jogo Duplo», mas negou qualquer envolvimento na viciação de resultados no futebol.

O julgamento, que decorre em Lisboa, conta com 27 arguidos, oito deles antigos jogadores do Oriental de Lisboa, bem como ex-futebolistas da Oliveirense, do Penafiel e do Académico de Viseu, além de dirigentes desportivos, empresários, um elemento de uma claque e outras pessoas com ligações ao negócio das apostas desportivas.

Abel Silva, acusado de dois crimes de corrupção ativa em competição e de um crime de associação criminosa, contou hoje ao coletivo de juízes que se reuniu com os arguidos Carlos Silva, conhecido como ‘Aranha’ e elemento da claque Super Dragões, e Gustavo Oliveira, empresário, num hotel de Lisboa, a 22 de abril de 2016, na sexta-feira que antecedeu a partida dessa jornada da II Liga de Futebol entre o Oriental e o Leixões, realizada no domingo.

O antigo futebolista, campeão mundial de sub-20 em 1989, explicou que essa reunião se destinava a apresentar-lhe «um projeto relacionado com futebol», como diretor desportivo de um clube de Lisboa, e que lhe foi dito que ele «era a pessoa indicada» para o liderar.

O coletivo de juízes confrontou Abel Silva com uma foto de uma conversa tida na aplicação de mensagens WhatsApp, entre outros arguidos no processo, em que se falava em pagamentos de 1 250 e de 2 500 euros para combinar resultados. Facto que o arguido disse desconhecer.

Recorde-se que em causa estão crimes de associação criminosa em competição desportiva, corrupção ativa e passiva em competição desportiva e apostas desportivas fraudulentas.

A próxima sessão ficou agendada para a manhã de 26 de abril.