O advogado Melo Alves, que representa Luís Pina, da claque No Name Boys, o principal arguido no processo do atropelamento mortal do adepto italiano Marco Ficini junto ao Estádio da Luz, Lisboa, em 2017, disse que vai analisar as «novas imagens» apresentadas hoje em tribunal.

«Para mim, estas imagens foram uma novidade, mas não são novas porque constam do processo. Provavelmente, já foram trabalhadas pelo tribunal e a defesa ainda não as tinha visto. Em função daquilo que observar, vou tomar uma determinada posição processual», explicou Melo Alves aos jornalistas à saída do tribunal no Campus de Justiça, em Lisboa.

Durante os confrontos e perseguições entre adeptos do Sporting e do Benfica, Luís Pina, de 35 anos e com ligações à claque do Benfica 'No Name Boys' atropelou mortalmente Ficini, «arrastando o corpo por 15 metros» e imobilizando o carro só «depois de ter passado completamente por cima do corpo da vítima», descreve a acusação, acrescentado que o arguido abandonou o local «sem prestar qualquer auxílio».

De acordo com o advogado, a teoria da defesa de Luís Pina é de que o carro «passou por cima» do adepto italiano, mas «de forma acidental».

Segundo Melo Alves, nas imagens hoje apresentadas «não há dúvida de que Marco Ficini estava deitado», no chão, aquando do atropelamento.

Em relação à testemunha trazida hoje pelo Ministério Público, um morador que terá visto o acidente na rotunda Cosme Damião, Melo Alves considerou que a sua «credibilidade pode ser muito discutível»: «Já houve quem dissesse que aquilo que se vê num acidente é um piscar de olhos. São imagens rápidas e quando a testemunha começa a falar muito daquilo que viu é um problema.»

Marco Ficini pertencia à claque do clube italiano Fiorentina 'O Club Settebello', era adepto do Sporting e morreu após um atropelamento e fuga junto ao Estádio da Luz, na sequência de confrontos ocorridos na madrugada de 22 de abril de 2017, horas antes de um jogo entre o Sporting e o Benfica.

No julgamento, que hoje teve a sua terceira sessão, estão a ser julgados 22 arguidos: 10 adeptos do Benfica com ligações à claque ‘No Name Boys’, entre os quais Luís Pina que conduzia o automóvel que atropelou mortalmente o adepto italiano, e 12 adeptos do Sporting da claque ‘Juventude Leonina’.