Dos vários cidadãos do mundo que falam, ou que pelo menos arranham o português, Latapy deve ser dos que melhor conhece o Glasgow Rangers. O jogador tobaguenho joga há vários anos na Escócia, tem acompanhado de perto as aventuras e desventuras do adversário do F.C. Porto e é agora jogador e treinador-adjunto do Falkirk, que neste sábado empatou com os «protestantes». E sublinha com conhecimento de causa que, apesar dos maus resultados recentes, o Rangers não é um adversário fácil.
«O Rangers é sempre uma grande equipa», diz. «Houve jogadores que entraram, outros que saíram e está a demorar um pouco a integração desses novos elementos, mas trata-se de um grande clube e tem uma grande equipa».
Por isso acrescenta que estão enganados todos aqueles pensam, iludidos pelos últimos resultados menos bons, que esta é a melhor altura para jogar em Ibrox Park. «Nunca é uma boa altura para se defrontar uma grande equipa», garante. «Os Rangers a jogar em casa têm sempre 40 ou 50 mil adeptos e isso dá uma grande força à equipa. Joguei lá e sei a importância que eles dão às competições europeias. Por norma os adeptos são sempre muito fiéis, mas na Liga dos Campeões são muito mais».
«Barry Ferguson pode jogar em qualquer equipa do Mundo»
O Maisfutebol quis perceber um pouco mais do adversário portista e perguntou ao tobaguenho de onde pode surgir a principal ameaça. «Os pontas-de-lança são bons, o Dado Prso é muito forte fisicamente, o Nacho Novo é um típico espanhol, muito vivo, corre imenso na frente de ataque, não pára quieto o tempo todo», diz. «Mas o melhor da equipa é o meio-campo. Tem jogadores que fazem marcações fortes e que conseguem jogar rapidamente. O Ricksen é um holandês veloz, o miúdo Thomas Buffel, tem uma excelente técnica no apoio aos avançados, mas o meu preferido é o capitão, o Barry Ferguson. Sou um grande fã dele».
O antigo atleta da Académica, F.C. Porto e Boavista, que agora acumula as funções de jogador e treinador-adjunto no modesto Falkirk, que ainda este sábado empatou com os Rangers, perde-se em elogios ao médio escocês. «Acho que tem qualidade para jogar em qualquer equipa do Mundo, é mesmo craque. É excelente na marcação, é um líder muito forte psicologicamente, gosta de trabalhar a bola e tem uma excelente técnica. É ele que faz jogar toda a equipa. O F.C. Porto deve ter muito cuidado com ele».
«Se o F.C. Porto deixar o Rangers impor o ritmo de jogo vai ter muitas dificuldades»
Até porque o maior perigo protestante pode vir daí, da forma como o adversário jogar. «O futebol escocês tem características próprias, é um jogo muito rápido, não permite grandes quebras para descansar, é jogado durante os noventa minutos a cem quilómetros por hora, e isso vai ser a maior dificuldade que o F.C. Porto vai encontrar», garante. «Se o F.C. Porto conseguir tomar conta do jogo e implementar o seu ritmo mais pousado, mais com a bola de pé para pé, bem trabalhada e atacada apenas pela certa, ganha vantagem. Se deixar o Rangers dominar e serem eles a impor o ritmo de jogo, que por norma é muito rápido, então vai ter muita dificuldade porque não está habituado a tanta velocidade».