Laurentino Dias respondeu a Carlos Queiroz, e às acusações de ingerência do Estado em matérias desportivas. O antigo seleccionador nacional, recorde, enviou uma participação à FIFA a pedir que esta «investigue a ingerência das autoridades públicas portuguesas» no processo que levou ao seu despedimento.

Carlos Queiroz apresentou queixa à FIFA

O Secretário de Estado do Desporto falou na gala do centenário da Associação de Lisboa e garantiu que fez o que devia fazer. «Cumpri a minha obrigação», referiu. «Os problemas são para ser atacados e resolvidos. Questões de doping e violência obrigam à presença do Estado, porque são de interesse público.»

De resto, a anulação do castigo a Carlos Queiroz por parte do Conselho de Justiça não muda nada. «Li o acórdão e o que diz é que o arguido, proferindo as frases que proferiu, agiu violando de forma grosseira as mais elementares obrigações desportivas e éticas. Só não é punido porque o caso prescreveu», lembrou.

Conselho de Justiça da Federação anula castigo a Queiroz

«O que eu fiz foi mandar para a Federação a participação da ADoP, ao mesmo tempo que disse publicamente que continha factos graves. Portanto, percebe-se agora pelo acórdão, o Conselho de Justiça considerou que eu qualifiquei bem os factos graves que referi. As coisas são muito simples e lineares.»

«Se não tivesse feito nada, teria de me demitir»

Laurentino Dias diz, de resto, que não está preocupado com a participação de Queiroz à FIFA, até porque a própria Secretaria de Estado «enviou o processo para a FIFA e para a Procuradoria Geral da República». Afirmando-se não ter nada a temer, o dirigente diz que preocupante teria sido não fazer nada.

«Ficava muito preocupado se um de vocês me fizesse a seguinte pergunta: senhor Secretário de Estado, o senhor recebeu no seu gabinete uma participação da ADoP, da qual eu tenho aqui uma cópia, a dizer isto, isto e isto, e o senhor o que fez foi escondê-la, guardá-la e não a despachou, isto é verdade?».

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«Se eu fosse obrigado a dizer que era verdade, ou seja se tivesse pegado nela e a tivesse guardado na gaveta, os senhores mostravam-me agora uma cópia e no minuto seguinte tinha que me demitir. Não estou aqui para que estas circunstâncias aconteçam, estou aqui para cumprir a minha obrigação, adiantou.

«Quando um responsável recebe este tipo de participação, tem de dar-lhe seguimento. Com ou sem campeonato, com ou sem campeão. Quem questiona se, no caso de termos sido campeões, este caso existiria, deve perguntar a si próprio se metia o processo na gaveta com Portugal campeão. Eu não seria capaz.»