Ainda não chega! Essa é a conclusão da derrota do Benfica. O Chelsea não foi assim tão superior, pelo menos neste jogo, mas a soma do talento de todos em campo dá vantagem aos londrinos, com muito mais opções do que a equipa de Jesus. Emerson, pela sucessão de erros e também pelo início da jogada que valeu o golo de Kalou (75 m), vai certamente dormir mal esta noite, mas também muitos adeptos devem ter suspirado por Garay no arranque decisivo de Torres na jogada fatídica.

Um Chelsea a querer um jogo sem sobressaltos, para decidir depois, apostando em posse, gestão e no erro do adversário. Um Benfica a várias velocidades, com intensidades diferentes em cada setor, entregando a bola primeiro para sair rápido em contra-ataque depois. Os «Blues» a apostar no «queniano» Ramires, que quis dar o primeiro tom para uma noite cheia de nervos de Emerson (sim, Capdevila foi para a bancada, mas por que acabou o brasileiro o jogo?), até que Jesus inverteu os extremos pouco antes da meia-hora e Gaitán, mais dado a esforços defensivos, lhe deu um pouco mais de conforto que Bruno César.

Faltou mais Witsel

Witsel, pressionado por Raul Meireles e Obi Mikel, deu muitas vezes a ideia de estava demasiado só, talvez precisasse mais de Aimar por perto, mas depois faltaria alguém que apoiasse Cardozo. E o Benfica não podia jogar com 12. Com o intervalo o nulo justificava-se.

Os encarnados podem reclamar que tiveram as melhores oportunidades da primeira parte, ambas por Cardozo. A primeira, aos 19 minutos, a melhor. O paraguaio, lançado da esquerda por Bruno César, dominou de peito, mas a bola fugiu-lhe de mais para que pudesse fuzilar Cech com o pé esquerdo. Saiu ao lado. Nove minutos depois, foi Gaitán que cruzou para o ponta de lança cabecear por cima. A isto respondeu o Chelsea, já na parte final, com Torres a iludir Emerson e Jardel antes de atirar por cima (39); e Meireles, servido por Kalou, a obrigar de longe a uma boa defesa de Artur (40).

O marfinense, colocado sobre a esquerda, acabou por também ter a sua influência na partida. Maxi, que já desequilibrou em tantos jogos, estava mais amarrado à defesa e, depois, ainda havia que contar com o experiente Cole para passar. Não era fácil, mas o uruguaio nem por isso desistiu. Aos 31 minutos, obrigou David Luiz ao corte mais espetacular da noite, quando Cardozo já se preparava para festejar.

No segundo tempo, o Benfica voltou mais intenso, mas também ficou mais exposto. O jogo ganhou vida. David Luiz estava em noite de estragar a festa à antiga equipa. Dois minutos depois do regresso salvou com a barriga, sobre a linha, o tiro de Cardozo. A resposta veio pouco depois, com Torres a cruzar para o cabeceamento de Kalou por cima (53). A bola começou a rondar as duas balizas com frequência. Aos 60, terá ficado um penalty por marcar, uma mão de Terry levantada de forma pouco natural, que o árbitro terá pensado ser casual.

Do aviso à tristeza

Os «Blues» voltaram a ameaçar logo a seguir. Luisão deixa passar, Mata desviou de Artur e acertou no poste. Continuava a ataque de um lado e de outro até ao golo fatal de Kalou. Mas ainda havia algo pelo meio. Duas jogadas em que o Benfica ameaçou, de facto, Cech. Primeiro, Gaitán colocou à bola à frente da cabeça de Jardel, com o guardião checo a negar o golo, e depois foi Terry quem se esticou quado Rodrigo tentou isolar Cardozo, pouco tempo depois de ter entrado.

E, aos 75 minutos, o gelo do golo londrino. Emerson não conseguiu travar Ramires na direita, Jardel perdeu o duelo para Torres, que cruzou para a pequena área, onde Kalou, nas costas de Luisão, fez a bola passar por baixo de Artur.

O Benfica ainda tentou. Mas já sem a fé de antes. Cole ainda salvou sobre a linha nos descontos. E pouco mais. Em Stamford Bridge, só um Benfica mais forte (e mais homogéneo) se qualificará para as meias-finais. Mesmo perante o pior Chelsea dos últimos anos.