E continua o pesadelo! Apático primeiro, intranquilo e sem rumo depois, o F.C. Porto voltou a perder na Liga dos Campeões. A derrota em Nicósia, diante do Apoel (2-1), foi a primeira de uma equipa portuguesa frente a adversários cipriota e deixa a equipa de Vítor Pereira em muito maus lençóis: obrigada a ganhar na Ucrânia, ao Shakhtar, e em casa, ao Zenit S. Petersburgo, por margem confortável, para não deixar morrer o sonho da Champions.

F.C. Porto: as contas do apuramento

O desaire começou a desenhar-se ainda antes do intervalo, num penalty convertido por Ailton. Já perto do final, pareceu possível uma fuga ao inferno, quando James Rodríguez «cavou» uma falta na área, que Hulk converteu no golo de um milagroso empate. Mas, iludido pela possibilidade de espreitar a vitória, a equipa portista deixou fugir a igualdade no último minuto, permitindo um contra-ataque em inferioridade numérica ao Apoel, iniciado por Solari, prosseguido por Charalambides e concluído por Manduca.

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Com muitas limitações, mas uma organização invejável, e acima de tudo uma grande alma, amparada pelo apoio de 23 mil adeptos, ninguém pode dizer que foi imerecida a consagração dos cipriotas, que assim se confirmam como a grande surpresa desta fase de grupos, com sérias hipóteses de apuramento.

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O F.C. Porto nem começou mal, pressionando à frente e bloqueando as primeiras tentativas de ataque do Apoel. Nem um madrugador cartão amarelo a Varela alterou os dados do jogo nos primeiros minutos. No entanto, ao fim de 15 minutos percebeu-se que o aparente domínio territorial do dragão era em grande parte consentido pelos cipriotas, a quem o empate não desagradaria, e que tinham nas saídas rápidas em contra-ataque a sua principal arma.

Um remate de Hulk, de ângulo apertado, que o guarda-redes Pardo desviou para canto, foi o momento mais perigoso da equipa de Vítor Pereira, cuja circulação de bola raramente tinha a intensidade suficiente para fazer oscilar as duas linhas defensivas do adversário. À passagem dos 20 minutos, uma fuga de Manduca pela esquerda permitiu a Ailton antecipar-se a Mangala, cabeceando ao poste.

Foi um duplo aviso, tanto para a objectividade dos contra-ataques do Apoel, como para as fragilidades do jovem central francês, preferido a Otamendí para formar dupla com Rolando. O mau relvado acentuava as dificuldades de circulação da equipa portuguesa, que aos poucos, mesmo tendo mais bola e mais iniciativas de ataque, permitia ao Apoel assumir o controlo. Em cima do intervalo, Ailton tentou furar pelo meio, e esbarrou na perna de Mangala. Um penalty que o brasileiro converteu com frieza, dando um tom mais sombrio à exibição apática dos dragões.

Depois de esperar 15 minutos a ver se o filme mudava, Vítor Pereira lançou James e Guarín, sacrificando Fernando (o melhor do F.C. Porto) e Varela. Hulk continuava a esbracejar, sem sucesso, em busca de um momento de inspiração, mas a equipa, embora subindo as linhas, não aumentava a frequência de lances de perigo junto à baliza do seguríssimo Pardo. Foi preciso, aos 88 minutos, uma boa dose de manha de James Rodríguez, para conseguir um castigo máximo que Hulk não desperdiçou. Parecia a porta de saída para o inferno, mas não era: Manduca provou-o logo a seguir, e o F.C. Porto só pode queixar-se de si próprio.