O Estoril deu o primeiro pontapé numa história europeia, mas viveu esse facto com demasiada importância e desperdiçou 45 minutos frente a um Hapoel Ramat-Gan desconhecido, mas que não tem tanto andamento como a equipa de Marco Silva.

Após uma primeira parte longe do que o Estoril mostrou na época passada, a formação da Linha retirou a carga história de cima dos ombros e partiu para uma segunda parte quase de sentido único. As oportunidades sucederam-se, o adversário ficou ali à mercê, mas não houve ninguém que fizesse um golo que se anunciava e que nunca chegou.

Era preciso uma mota

O meio terreno da Amoreira tinha tanto por onde andar como o eixo Norte-Sul em direção a Almada num fim de semana de verão. Só mesmo de mota se conseguiria furar, mas não havia um acelera no miolo estorilista para que se desbloquasse a situação. Os três do meio do Estoril tentavam descobrir linhas para furar, mas era Carlitos o único que conseguia ir na faixa e, pela esquerda ou pela direita abrir jogo. Mas mesmo assim, foram poucas as vezes.

Já o Hapoel ia no sentido contrário. Aproveitava para transições rápidas, muitas vezes com a bola a viajar longas distâncias e a ganhar demasiada altura para servir Diamant, um viajante solitário no ataque, com aparições pontuais de Romann ou Asayag.

Os israelitas tiveram ocasiões para marcar no primeiro tempo, em 45 minutos em que conseguiram ter pernas para pressionar e chegar à baliza de Vagner. O Estoril respondeu com uma enorme ocasião de Carlitos, que não conseguiu bater Straus na pequena área. Mais uma ocasião para cada lado e um nulo ao intervalo, prémio para a estratégia visitante e merecido para a pouca rapidez do Estoril.

Ser mais a segunda parte do que a primeira

O segundo tempo começou com ocasião para o Hapoel Ramat -Gan, mas foi um oásis no resto do jogo. Com os minutos a passar, a equipa israelita também perdeu condição física. Ora, isso e a entrada de Luís Leal para o lugar de um apagado Sebá (saiu lesionado) transformaram o jogo.

O Estoril podia ter marcado aos 62, 64 e 66 minutos, com uma bola à trave, uma recarga mal medida nesse mesmo lance, um desvio de Carlitos num canto e mais um remate de Galvão ao lado.

A formação de Marco Silva continuou a tentar, mesmo de longe. Mas a bola não entrou e o Hapoel Ramat-Gan ganhou forças no banco, para conseguir estancar um pouco o jogo estorilista.

Assim, há uma eliminatória empatada ao intervalo e agora a vantagem de jogar em casa muda de cor. Ainda assim, o Estoril pode ultrapassar esta equipa. Mas precisa de serenar e ser bem mais aquilo que foi no segundo tempo do que aquilo que mostrou no primeiro. Em suma, precisa nesta Liga Europa de jogar num ritmo de uma liga portuguesa, que será, certamente, bem mais alto que um qualquer escalão de Israel.

Ficha de jogo

Estádio: António Coimbra da Mota, na Amoreira

Árbitro: Fredy Frautel (França)

Assistentes: Cyril Gringore e Eric Dansault

Quarto árbitro: Bartolomeu Varela

ESTORIL: Vagner; Anderson Luís, Bruno Miguel, Yohan Tavares e Babanco; Evandro, Gonçalo Santos e Filipe Gonçalves (Gladstony, 85); Carlitos (Gerso, 73), Sebá ( Luís Leal, 52) e João Pedro Galvão.

Suplentes não utilizados: Ricardo Ribeiro, Mano, Diogo Amado e Rúben Fernandes

HAPOEL RAMAT-GAN: Ram; Tomer Levy (Cohen, 83), Hazum (Addo, 71), Soffer e Maabi; Lingane e Buksenbaum; Brossou (Bar Buzaglo, 33), Romann e Asayag; Diamant.

Suplentes não utilizados: Pshehazkey, Luzon, Gabai, Ben Ami.

Ao intervalo: 0-0

Disciplina: cartão amarelo a Maabi (8min), Asayag (45min), Levy (72min), Soffer (80min) e Galvão (80min)