A FIGURA: Ricardo Quaresma
O Mustang é um pecador consciente, os atos extraordinários são a sua remissão. Uma espécie de catarse, de Pai Nosso auto-imposto. O que dizer da obra-prima aplicada ao pobre Kevin Trapp? Quem não o conhece julgará ser obra do acaso. Basta, porém, recuar a outubro de 2006, até a um FC Porto-Benfica e recordar o que este mesmo Quaresma fez a Quim. O movimento e o remate são muito parecidos. Pratica um futebol de risco, perde muitas bolas, mas é ele o foco de maior tensão para os adversários. Deixem-no errar.

NEGATIVO: goleada do Eintracht nas bancadas
Quatro mil almas em comunhão, cânticos inesgotáveis, cachecóis brancos, tarjas rubro-negras, um espetáculo extraordinário no setor destinado aos adeptos alemães. Não nos lembrarmos de algum clube trazer tanto apoio ao Dragão e silenciar, assim mesmo, os fiéis azuis e brancos. Outro dado: para um jogo europeu, 25 mil pessoas (quatro mil de Frankfurt) é um número desolador. A relação entre equipa e seguidores do FC Porto já conheceu dias mais intensos.

MOMENTO DO JOGO: arte cigana, minuto 44
Vejam, por favor, as imagens televisivas. É um momento portentoso de futebol. Quaresma ginga sobre a esquerda, flete no seu jeito malandro para o meio e atira em arco. A bola bate no poste mais distante, o estádio suspende a respiração e a bola beija as redes com ardor. Final feliz. Do ponto de vista estético, este é o momento da partida do jogo mas, claro, a recuperação alemã na fase final pede meças nesta eleição.

OUTROS DESTAQUES:

Jackson Martinez
Merecia o golo aos 34 minutos, ao rodar, pausar e rematar a milímetros do poste esquerdo. Merecia também aos 57, num belo cabeceamento ao lado. Andou, em suma, sempre perto do adorado objetivo, mas sem lograr alcançá-lo. Trabalhou, levou Zambrano e Madlung ao desespero, e saiu com nota alta. A realidade, porém, é que a equipa precisou com urgência de um golo seu.

Josué
Saiu a 20 minutos do fim e o público assobiou Paulo Fonseca. Parecia adivinhar a chegada do desastre. Na verdade, não nos parece haver relação direta entre a saída de Josué e os golos sofridos pelo FC Porto, mas o esquerdino fez por merecer mais minutos. Bem no passe, na aceleração e mal nos muitos remates feitos. A bola saiu sempre por cima do travessão.

Herrera
Primeira parte excelente, a confirmar todos os elogios recentes. Fantástico a ganhar metros com a bola controlada e a servir os colegas da frente. Ligou Fernando a Josué de forma competente, sempre com um pulmão inesgotável. A segunda metade não foi a continuação perfeita e aguardada. O mexicano desapareceu, teve menos bola e deixou de ser o potenciador do processo ofensivo.

Maicon
Sereno, a decidir quase sempre bem, capaz de anular sem grandes problemas Joselu. Isto até aos 70 minutos. Depois, o espanhol fugiu da sua ação e fez um grande golo. No segundo golo alemão está no meio da confusão e tem de ser um dos muitos responsáveis. Não se pode surpreender se voltar ao banco na próxima partida.

Joselu e Meier
O ponta-de-lança espanhol com passagem pelo Real Madrid fez um grande golo e justifica a presença nestes destaques. Meier, tal como avisara Vieirinha em declarações ao Maisfutebol, joga e faz jogar. É o mais esclarecido dos alemães e provavelmente o mais perigoso. Atenção a ele para o jogo em Frankfurt.