A equipa de sub-23 do Estoril-Praia sagrou-se campeão da Liga Revelação esta terça-feira, depois de bater o Leixões, mas, no final do jogo, o treinador Vasco Costa manifestou-se «triste» com toda a polémica que rodeou o jogo, com a equipa de Matosinhos, que acabou o jogo reduzida a nove, a abandonar o campo antes do apito final do árbitro.

«Não consigo não estar triste por aquilo que aconteceu. Ainda estamos num escalão de formação e cenas destas não dignificam em nada uma competição importantíssima para o futebol. É uma situação de lamentar», começou por dizer no final do jogo.

Triste com a atitude do adversário, mas feliz com a vitória da sua equipa. «Em relação ao jogo, é uma sensação de extrema felicidade. Trabalhamos com uma ideia de fazer os jogadores evoluir e de obrigá-los a correr riscos e esse foi o nosso grande título. A vitória assenta-nos bem, mas não foi dos nossos melhores jogos. A expulsão acabou por condicionar o jogo. O Leixões apresentou-se de forma diferente e isso obrigou-nos a mudar. O Leixões baixou vinte metros e isso fez toda a diferença porque não tínhamos um jogador referência no ataque e a equipa ressentiu-se disso», explicou.

O treinador dos canarinhos disse ainda que já esperava um jogo com «muita entrega» da parte do Leixões, mas considera que houve exageros. «Quando já fomos jogar em Leixões sentimos esta garra, esta entrega é uma característica do Leixões. Por outro lado, nós procurámos ser uma equipa o menos emocional possível. Se me pergunta se estou surpreendido com o que aconteceu, infelizmente, não estou, mas não esperava que chegasse a este ponto. Chega uma altura em que é complicado fazer alguma coisa de fora do relvado», comentou ainda.

Do outro lado, José Faria, treinador do Leixões, também começou por manifestar orgulho nos seus jogadores.

«Queria dar os parabéns ao Estoril pelo título. Estiveram presentes dois históricos do futebol nacional. Quero recordar algumas pessoas que o Leixões faz em novembro 114 anos, tem uma rica história e hoje apresentou-se com uma vontade enorme de ser campeão, apesar de termos jogado com sete atletas com idade de júnior e oito atletas seniores de primeiro ano. Tenho um orgulho tremendo nos meus jogadores», começou por referir.

Quanto ao polémico jogo. «Enquanto estivemos onze para onze fomos superiores; quando esteve dez para onze também estivemos mais perto do golo e não é fácil ver um título fugir-nos pelas mãos por intermédio de terceiros. São jovens, são o futuro do futebol nacional e infelizmente não nos foi permitido alcançar o nosso objetivo. Tenho um balneário inteiro de lágrimas nos olhos. É lamentável? É. Se os condeno? Não. Vivo o futebol de forma intensa e o futebol tem de ter esta emoção», defendeu.

Apesar de tudo, o treinador do Leixões garante que vai dormir de «consciência tranquila. «Tudo o que aconteceu não tem só a ver com esse lance [da primeira expulsão], tem a ver com uma dualidade de critérios. Hoje vou dormir de consciência tranquila e com a sensação de dever cumprido. Tenho um orgulho enorme nos meus miúdos e no símbolo que representamos. Estou a começar e até pode acabar a minha carreira amanhã, mas tenho um orgulho enorme por ter treinado um clube como o Leixões», referiu ainda.