Os 90's. De Seattle chegavam-me as guitarras sujas do grunge, a distorção esclerosada das colunas de som, as vozes lânguidas de Eddie Vedder, Kurt Cobain e Chris Cornell.

As fações dividiam-se em três subgrupos: a histeria pelo Ten dos Pearl Jam, a entrega ao Nevermind dos Nirvana e a estranheza viciante pelos refrões dos Soundgarden no Superunknown. Três álbuns marcantes, definidores.



Nas festas de garagem, sempre aos domingos à tarde, era subir o volume ao máximo e gritar até que o mundo paralisasse. Intensidade, raiva incontida, frustrações da puberdade.

Até que um dia me falaram da Britpop. Diziam-me que o grunge já era e que os tipos cool ouviam Blur, Oasis e Pulp. « Cool, cool, é isso que vou ser.» Conheci o talento de Damon Albarn, a extravagância non sense dos irmãos Gallagher e a elegância de Mr. Jarvis Cocker. A diferent class!

Sempre fui mais Blur do que Oasis, mais Albarn do que Gallagher. Decorei, ainda assim, as letras de todas as músicas, de todos os cd's, lados b e coletâneas de ambas as bandas.

O Liam Gallagher intrigava-me. As loucuras, os escândalos, a tal abordagem cool e despegada dos valores que eu conhecia. O gajo andava algures entre o génio e o imbecil.

Os anos passaram, os Oasis desapareceram num conflito fratricida e eu nunca cheguei a ser cool.

Não voltei a saber do Liam Gallagher, até vê-lo na conferência de imprensa do Manchester City.



A troçar do Alex Ferguson, a elogiar a irmã do Vincent Kompany, a gritar «vive la Bélgique»! Para ele, a vida não passa de um palco para tontarias e desvarios. Tudo cool.

«Once a rock star, always a rock star!»

Liam Gallagher e Vincent Kompany: