Os três pontos por vitória, algo que hoje achamos tão comum, foi estabelecido como sistema na época de 1995/96. A Liga de Clubes, ainda como organismo autónomo, adoptava o modelo inglês, aparentemente uma proposta de dois anos antes de Luís Duque, então presidente da Associação de Futebol de Lisboa, para melhorar a qualidade dos jogos. No entanto, essa época de mudança do jogo em Portugal foi marcado pela polémica.
O primeiro caso bicudo foi um Chaves-Sporting, precisamente a meio do campeonato. Em Janeiro. A luz artificial faltou a dois minutos do fim do jogo no Municipal e o encontro foi interrompido. Meia-hora depois, o árbitro cumpriu os regulamentos e suspendeu o jogo. Os leões voltaram para Lisboa, alegando falta de alojamento, mas no dia seguinte, 24 horas depois, apresentaram-se em campo, baseando-se nos regulamentos da competição, para jogar o que faltava. Perante a falta de comparência, os flavienses cantaram vitória e mergulharam na relva, do Sul chegou o protesto e o requerimento para a repetição do encontro. Repetiram-se apenas os dois minutos, com os leões com três lesionados no onze. Mas apesar do contra-relógio, Sá Pinto esteve mesmo muito perto de garantir o triunfo para os visitantes.
É a época em que Bobby Robson vence em Alvalade e se vinga do Sporting, em que o búlgaro Balakov - um dos melhores estrangeiros que jogou em Portugal - deixa os leões queixando-se de Carlos Queiroz, em que a revolução de Artur Jorge na Luz morre à terceira jornada, com o despedimento do técnico. Toni, a partir de Janeiro, assumiria a gestão do futebol dos encarnados. E Autuori chegaria preparado para fazer do Benfica um novo Botafogo, clube que tinha levado ao título. Mas o sorriso mais rasgado no final iria pertencer a um inglês experiente, sempre politicamente correcto, que gostava que os seus jogadores tivessem «pass precisse».